“A defesa incondicional dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras está no nosso DNA”, afirma Sergio Takemoto, presidente da Federação

A proteção, a promoção do bem-estar e a luta constante em defesa dos direitos de cada empregado e empregada da Caixa Econômica Federal. Este é o compromisso assumido pela Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal, a Fenae, desde o início da sua existência, há 51 anos.

“A Fenae nasceu da luta. É fruto da construção coletiva como resistência ao aos ataques à Caixa e aos empregados. A defesa incondicional dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras está no nosso DNA”, destaca o presidente da Federação, Sergio Takemoto.

Era urgente a unificação dos trabalhadores do banco e de uma entidade para coordenar e organizar as ações de mobilização da categoria nos estados. Nasceu, portanto, a Fenae, em 29 de maio de 1971, durante o 6º Congresso Nacional das Associações Economiárias.

Desde então, atrelada à luta pela Caixa pública e social, a Fenae atua na defesa dos empregados do banco. Foi assim na Greve das Seis horas, em 1985, quando os trabalhadores cruzaram os braços durante todo o dia para garantir o reconhecimento como bancário, a jornada de seis horas e o direito à sindicalização.

Outro momento importante de atuação da Fenae foi na Greve de 21 dias, durante a campanha salarial de 1991. Os bancários decidiram parar em protesto à política de ataque aos direitos e de desmonte das estatais do então presidente Fernando Collor (atual PTB). A greve foi considerada ilegal, mas os trabalhadores da Caixa decidiram manter a paralisação. O governo, então, demitiu 110 empregados do banco.

Essa injustiça deu início a uma das mais bonitas histórias de solidariedade entre os trabalhadores. Liderada pela Fenae, “Não Toque em Meu Companheiro” foi um movimento de resistência e mobilizou os trabalhadores para manter financeiramente os colegas demitidos, doando 0,3% de seu salário para o Fundo de Reintegração. A ação só finalizou quando todos os trabalhadores foram readmitidos. Esta história está contada no filme Não Toque em Meu Companheiro – coproduzido pela Fenae e dirigido pela cineasta Maria Augusta Ramos.

O governo do PSDB, com Fernando Henrique, promoveu uma nova onda de ataques aos direitos dos bancários e às empresas públicas. Tentativas de privatizar a Caixa, arrocho salarial, plano de cargos e salários com direitos reduzidos e a aplicação do RH 008, que permitia demissões sem justa causa, foram algumas das tentativas de enxugar o compromisso do banco para facilitar a privatização. Esses prejuízos aos direitos estimularam a Fenae a liderar a resistência dos trabalhadores. Com a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT), fez conquistas valiosas, como a Participação nos Lucros e Resultados (PLR), em 2003.

Neste mesmo ano também foi revogado o RH008 e começou um período de conquistas. Em 2004, a Fenae participou da construção do Saúde Caixa e o modelo de custeio 70/30. O novo modelo garantiu avanços no plano de saúde dos empregados, considerado referência até hoje, apesar das ameaças do governo a este direito do empregado. Neste sentido, em 2021 a Fenae atuou fortemente para revogar, por meio de um projeto da deputada federal Erika Kokay (PT/DF), a CGPAR 23, que representava o fim do plano de saúde para grande parte dos trabalhadores.

Na Funcef, o estatuto de 2007 – recentemente violado na Fundação – garantiu conquistas e a inclusão dos participantes na gestão da Funcef. A aprovação do documento aconteceu depois de muita pressão das representações dos empregados, com destaque para a atuação da Fenae e da Federação Nacional das Associações dos Aposentados e Pensionistas da Caixa (Fenacef).

Em 2010, a conquista da PLR Social – distribuição igualitária de 4% do lucro líquido por todos os empregados – reconhece o trabalho de contribuição do empregado Caixa para o desenvolvimento do país e na redução da desigualdade social.

O trabalho da Fenae e das entidades também conquistou mais empregados para o banco. De cerca de 57 mil trabalhadores em 2003, a Caixa passou a ter mais de 100 mil bancários em 2014.

Sergio Takemoto destaca que “a luta pela Funcef forte, por um plano de saúde sustentável e de qualidade para os empregados e por melhores condições de trabalho são desafios constantes de mobilização da Fenae”, disse.

Combate ao assédio – Esses anos de união entre os bancários e de luta pelo fortalecimento do banco público e social e deram força para a categoria resistir nos anos seguintes. O filme ruim do passado se repetiu a partir de 2016, com mais ameaças aos direitos conquistados pela categoria. A partir de 2019, o cenário acrescentou a perversidade de um governo que desrespeita não apenas os direitos, mas a integridade física e emocional dos empregados da Caixa.

A indicação de Bolsonaro para Pedro Guimarães presidir a Caixa imprimiu no banco público um modelo de gestão de medo e assédio que adoeceu os empregados.  Condutas abusivas, sobrecarga de trabalho, pressão por metas, situações humilhantes e constrangedoras no ambiente de trabalho são situações de assédio moral que a Fenae tem denunciado, como a aplicação de programas de avaliação dos empregados, como Gestão de Desempenho de Pessoas (GDP), ranqueamentos, Programa de Qualidade de Vendas (PQV), o gerador de “sprints” e até plataformas de colaboração de equipes e grupos de WhatsApp.

Pesquisas encomendadas pela Fenae vêm demonstrando o adoecimento mental dos trabalhadores relacionados ao trabalho no banco e a um modelo de gestão que estimula o assédio. Em 2018, a Fenae  entregou à Caixa o levantamento que mostrou que 1/3 dos bancários teve problemas de saúde atrelados ao trabalho na Caixa. E cobrou medidas concretas para melhorar as condições dos trabalhadores e coibir as práticas de assédio.

A situação se agravou. A pesquisa realizada em 2021 constatou que seis em cada 10 empregados já sofreram assédio moral na Caixa e quase 70% já presenciaram esta situação no ambiente de trabalho.

Em janeiro deste ano, a Fenae foi ao Ministério Público do Trabalho (MPT) endossar a investigação de prática de assédio moral na Caixa.

Na última semana, Pedro Guimarães submeteu a Caixa ao episódio mais triste da sua história. Empregadas do banco foram ao Ministério Público Federal denunciar o agora ex-presidente do banco por assédio sexual e moral. O caso foi amplamente divulgado pela imprensa e a coragem dessas mulheres culminou na saída de Guimarães do banco.

Outros executivos do banco, parceiros de Guimarães no assédio moral e sexual, foram afastados. No entanto, a Fenae reforça a exigência de apuração rigorosa para a punição de todos os dirigentes que adotam o assédio como prática de gerir o banco ou lidar com os trabalhadores.

“O assédio está em todos os níveis. Não é só nas agências, mas na alta administração da Caixa. Ao mesmo tempo que queremos apagar esse vergonhoso episódio que manchou a história do banco, precisamos lembrar dele todos os dias para que nunca mais aconteça. E atuaremos fortemente para isso”, afirma o presidente da Fenae.

Fonte: Fenae