A decisão inédita é uma resposta da entidade aos inúmeros casos de racismo que têm acontecido no futebol
A Fifa pretende jogar duro contra o racismo. Na última sexta-feira (17), durante o 74º Congresso, em Bangkok, na Tailândia, a entidade máxima do futebol afirmou que vai obrigar suas 211 filiadas a incluírem, em seus códigos disciplinares, artigos específicos para enquadrar crimes de racismo com “sanções próprias e severas”, incluindo o encerramento do jogo – com derrota do time que estiver associado ao ato racista.
O segundo ponto do plano anunciado pela Fifa é a criação de um gesto específico – os dois braços cruzados na altura dos punhos, com as mãos estendidas e os dedos esticados – a ser feito pelos jogadores para avisar árbitros sobre insultos racistas.
O mesmo gesto deve ser feito pelos árbitros, seguindo a lógica de como fazem o quadrado no ar com os dedos para indicar o uso do VAR. O intuito é informar ao público que vai ter início o protocolo de três passos, também obrigatório a partir de agora para as 211 associações nacionais de futebol.
O protocolo de três passos funciona da seguinte maneira:
- O árbitro deve parar e pedir um anúncio (ao sistema de som e/ou telão) exigindo o fim do comportamento racista;
- Caso os atos continuem, o árbitro pode suspender a partida temporariamente, com a saída dos times de campo e um novo anúncio de advertência;
- Finalmente, se o comportamento ainda persistir, o árbitro pode determinar o fim da partida, com derrota do time associado aos atos racistas.
A Fifa também anunciou que vai lutar para que o racismo seja reconhecido como crime em todos os países, “com punições severas”. A entidade não tem poderes para alterar a legislação de nenhum de país, mas deixou evidente que vai pressionar politicamente para que isso aconteça.
Um painel antirracista formado por jogadores e ex-jogadores será criado para aconselhar e acompanhar a implementação desse plano nas 211 associações nacionais de futebol. A Fifa também afirmou que vai criar um programa específico de educação – “afinal nenhuma criança nasce racista”.
Para o secretário de Combate ao Racimos da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Almir Aguiar, o futebol é um esporte que mexe com emoções no mundo inteiro, e essas práticas antirracistas, pode ser um caminho importante contra o preconceito e a discriminação racial em nossa sociedade. “No dia 11 de janeiro de 2023, uma das primeiras ações do presidente Lula foi sancionar a Lei 14.532/2023, que equipara o crime de injúria racial ao de racismo, punindo o agressor com prisão. A FIFA deu um passo importante, agora vamos ver os resultados.”
Participação de Vini
Em carta enviada às 211 associações nacionais de futebol para informá-las do plano de combate ao racismo, o secretário-geral da Fifa, Mattias Grafstrom, informa que, nos últimos meses, houve um “extenso processo de consulta com jogadores e ex-jogadores, homens e mulheres, do mundo todo”, e que suas “opiniões e contribuições resultaram numa proposta de ação consolidada”.
Um dos jogadores com quem dirigentes da Fifa mais conversaram foi com Vini Jr., do Real Madrid e da seleção brasileira, que se transformou num símbolo da luta antirracista. Em junho do ano passado, enquanto estava com a Seleção, Vini Jr recebeu uma visita de Infantino.
Fonte: Contraf – CUT