O Fundo Monetário Internacional (FMI) recomenda que os bancos melhorem a governança e a política de remuneração de altos executivos para reduzir a tomada de risco, de acordo com um estudo divulgado ontem e que faz parte do relatório Estabilidade Financeira Global.

Uma das sugestões feitas pelo fundo é que os salários dos altos funcionários sejam mais dependentes dos resultados de longo prazo e mais sensíveis ao risco de falência do banco. Em caso de má gestão, a sugestão é que o executivo receba os benefícios com atraso ou mesmo tenha de devolver bônus.

“Os bancos deveriam ser recompensados por criarem valor no longo prazo e não por apostas de curto prazo”, afirma Gaston Gelos, o chefe da divisão do FMI que preparou o relatório. O documento argumenta que os bancos, no geral, normalmente tomam muito risco sem levar em conta eventuais custos para a sociedade, que não são desprezíveis, conforme se viu na crise de 2008. “Há um amplo consenso de que a excessiva tomada de risco pelos bancos contribuiu para a crise financeira global”, afirma o texto.

Reformas

O FMI discute no estudo algumas reformas que estão sendo feitas no mundo no setor bancário, como a exigência de níveis ainda mais elevados de capital e reservas. Mas avalia que as mudanças precisam ir além e sugere algumas reformas, como um conselho independente e salários baseados no desempenho de longo prazo. O banco, por exemplo, pode pagar o diretor com bônus de prazo mais longo.

Outra possibilidade é que as compensações aos executivos sejam atrasadas em caso de problemas no banco. O FMI fala ainda que, contratualmente, os bancos podem exigir que os executivos devolvam bonificações em certos casos, como, por exemplo, se as decisões tomadas causarem problemas. Para os conselhos das instituições financeiras, a sugestão é que estabeleçam comitês de risco. Por fim, o FMI diz que os bancos precisam ser transparentes.

O objetivo do relatório foi estudar a relação entre três pontos: tomada de risco, governança e remuneração dos executivos, com base em uma amostra dos maiores bancos do mundo, incluindo brasileiros. O estudo conclui que bancos com conselhos independentes da diretoria tendem a tomar menos risco. Além disso, bancos em que os executivos são remunerados com base no desempenho de longo prazo também tendem a ser mais cautelosos.

Outra descoberta é que bancos com presidentes com experiência em varejo financeiro ou em gerenciamento de risco também tendem a ser mais conservadores.

Fonte: Estadão / Altamiro Silva Júnior