O G20 criou no ano passado um Conselho de Estabilidade Financeira cuja missão inclui estabelecer regras comuns e parâmetros mínimos para evitar o surgimento de bolhas, garantir a liquidez das instituições e, em caso de falência, evitar a contaminação do sistema. Pelo plano, até o fim deste ano as diretrizes teriam de estar aprovadas, e até 2012, vigorar.
Mas, como a Folha mostrou no início do mês, o projeto tratado pelo BIS (Banco para Compensações Internacionais, o BC dos BCs) em suas reuniões em Basileia (Suíça) está totalmente empacado.
Algumas medidas, como a criação de lista com as instituições-chave, já foram descartadas. Outras foram atenuadas e repassadas da autoridade comum às locais – caso da fixação de valores para o colchão de capital que os bancos terão de ter preventivamente.
O resultado é um descompasso daninho, como alertou Strauss-Kahn ontem: "[As medidas tomadas individualmente] fazem sentido. O único problema é que elas não combinam entre si". E a janela de oportunidade, lembrou, está se fechando conforme se amenizam os efeitos da crise.
Strauss-Kahn não é o único a demonstrar desânimo com o atraso. Uma carta dos membros-chave do G20 aos demais exorta os governos do grupo a mostrarem seu compromisso com as reformas acordadas na reunião de 2009 nos EUA.
"Todos nós temos uma responsabilidade mútua", diz o texto emitido em Londres. "[Tratar do que levou à crise] vai requerer que mantenhamos nossa vigilância para lidar com as reformas necessárias e que nos resguardemos da complacência conforme nossas economias se recuperam."
As medidas definidas até agora param em um patamar mais baixo do que o inicialmente almejado pelo G20.
Ontem, o BIS divulgou o relatório de sua primeira "peer review" (revisão pelos pares) dentro da nova pauta de discussão, na qual abordou os salários e bônus pagos a executivos do mercado financeiro.
O Brasil é citado como um do países que ainda precisam avançar nas medidas para regular a remuneração.
Fonte: Folha de São Paulo / Luciana Coelho, de Genebra