Seis centrais sindicais vão pressionar os congressistas a partir da próxima semana, quando termina o recesso parlamentar, a apoiar a redução da jornada de trabalho de 44 horas para 40 horas semanais.

Ao menos 400 sindicalistas ligados a Força Sindical, CUT, UGT, CTB, Nova Central e CGTB vão se revezar, a partir do dia 4 de agosto, em visitas aos deputados e aos senadores para buscar apoio ao projeto de redução da jornada sem diminuição dos salários aprovado no início deste mês na comissão especial da Câmara.

O projeto, que, além da diminuição da jornada prevê ainda o aumento do valor da hora extra de 50% para 75% do valor da hora normal, precisa ser votado em dois turnos na Câmara dos Deputados e no Senado.

"Com a redução da jornada, haverá geração de empregos, medida importante neste momento de incertezas econômicas. Segundo o Dieese, a medida tem o potencial de criar, em uma primeira etapa, cerca de 2 milhões de novas vagas", diz o deputado Paulo Pereira da Silva, presidente da Força.

Para os empresários, a redução da jornada deve trazer aumento de cerca de 10% no custo do trabalho, segundo cálculos da CNI (Confederação Nacional da Indústria). A medida, segundo os empresários, pode comprometer a competitividade, ameaçar o emprego e adiar a retomada do crescimento.

A redução da jornada é um dos principais temas dos congressos nacionais da Força Sindical, que acontece de hoje até sexta-feira, e da CUT, marcado para a próxima semana.

Cerca de 3.500 dirigentes da Força e 2.300 sindicalistas da CUT vão discutir ainda uma nova prorrogação da redução do IPI para os setores de automóveis e eletrodomésticos, pedido que deverá ser encaminhado ao governo.

Para os carros, a isenção do IPI termina em setembro. A partir de outubro, as alíquotas sobem gradualmente e retornam ao normal em janeiro. Para o setor de eletrodomésticos, a redução termina em outubro.

"Enquanto essa medida for necessária para aliviar a economia, vamos apoiar. Mas como algo temporário", diz João Felício, secretário de Relações Internacionais da CUT.

No congresso da central, os cutistas vão debater ainda outras medidas que possam fortalecer o mercado interno, para impulsionar a economia e o emprego. "Com propostas, vamos pressionar o governo para que as políticas públicas sejam direcionadas para aumento da produção, do emprego e da renda", afirma Quintino Severo, secretário-geral da CUT. O objetivo, segundo ele, é discutir qual será o centro do projeto de desenvolvimento do Brasil e as ações do Estado para viabilizar esse desenvolvimento.

Fonte: Folha de São Paulo / Claudia Rolli e Fátima Fernandes