O Brasil pagou R$ 134,5 bilhões em "spread" bancário em 2008. Esse valor corresponde a quase quatro vezes o orçamento do Ministério da Educação ou duas vezes e meia o do Ministério da Saúde no ano passado. Segundo um estudo realizado pela Fecomercio SP (Federação do Comércio do Estado de São Paulo), as pessoas físicas contribuíram com R$ 85,4 bilhões desse total, e as empresas, com R$ 49,1 bilhões.

"Spread" é a diferença entre a taxa à qual os bancos captam recursos e aquela aplicada por eles nos empréstimos a consumidores e empresas. Inclui os impostos cobrados sobre operações de crédito, o risco de inadimplência, custos administrativos e os lucros das instituições financeiras.

Por exemplo, considerando um empréstimo pessoal de R$ 1.000 a ser quitado no período de um ano, dos R$ 604 que um cliente de banco em média pagava como juros em 2008, R$ 475 equivaliam ao "spread".
A Fecomercio SP calcula que tal sobretaxa poderia ser cortada em um quarto sem muito esforço. Na situação descrita acima, isso significa que o consumidor economizaria R$ 119.

"Injetado na economia do país, o dinheiro geraria empregos em todos os setores", afirma Abram Szajman, presidente da entidade. "O governo deveria parar de fazer de conta que não tem nada com isso e abrir mão de parte dos impostos. Para os bancos, seria conveniente mostrar que estão participando do novo desenvolvimento do Brasil que queremos."

O "spread" no país é o mais alto do mundo. Subiu com o agravamento da crise e com o medo de uma explosão nos calotes aos bancos e resiste a cair, apesar dos cortes da taxa básica de juros pelo Banco Central.

Na opinião de Armando Monteiro Neto, presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), os bancos têm que ser "parceiros" do setor produtivo. "Queremos ter um sistema financeiro saudável, é claro. Queremos que ganhem dinheiro, não temos nada contra as instituições. No entanto, elas precisam ajudar na expansão da atividade", diz.

Fonte: Folha de São Paulo / Denyse Godoy