"Funciona da mesma maneira que um carro que precisa de mais combustível para rodar uma mesma distância. O número de quilômetros andados com o tanque cheio é menor hoje do que era no passado. A economia chinesa é esse carro", diz ele, sobre a relação entre a diminuição da taxa de poupança e o crescimento do país.
Justamente por isso o BlackRock Institute já revê suas previsões para o gigante asiático: acredita em um crescimento do PIB entre 7% e 8% nos próximos anos, e não no intervalo entre 8% e 10%, como amplamente considerado pelo mercado e órgãos internacionais.
Os chineses tradicionalmente economizam grande parte do que ganham anualmente: a poupança interna dos domicílios é da ordem de 51% do PIB e equivalente a US$ 2,55 trilhões – mais de quatro vezes superior ao volume que se observa no Brasil, onde a taxa é de apenas 15,8% – e foi primordial para dar liquidez ao sistema bancário nacional.
Só que a população está mais segura quanto ao futuro e se adapta cada vez melhor ao mundo do consumo e todos os seus prazeres. Consequentemente, a taxa de depósitos começa a crescer em ritmo menos acelerado que os empréstimos concedidos, o que leva a um hiato financeiro – e qualquer tropeço na China hoje pode significar fortes trancos econômicos para o mundo.
Números do banco Goldman Sachs sobre a economia chinesa confirmam essa tendência. Em janeiro de 2010, a taxa de crescimento dos depósitos foi de 26,1% em relação a igual período do ano anterior e recuou para 15,9% em junho, ante igual período de 2010. Já a concessão de novos empréstimos avançou 29,3% em janeiro de 2010 ante igual período do ano anterior e somente 16,9% em junho.
Essa desaceleração reflete também medidas recentes tomadas por Pequim para conter o avanço da inflação. Em 6 de julho, o banco central chinês elevou a taxa básica de juro para empréstimos para 6,56% ante marcação anterior de 6,31%. Já a outra taxa básica de juro, que vale para os depósitos de um ano, ficou em 3,5%. Com inflação de 6,4% no fim de junho, a taxa real de depósito acaba negativa para o cidadão chinês.
Fonte: Valor Econômico