Nesta segunda-feira, 29, empregados da ativa e aposentados da Caixa Econômica Federal se reuniram na sede da Superintendência em João Pessoa, na Paraíba, para protestar contra o equacionamento de déficits da Funcef, fundo de previdência dos empregados da CAIXA. “Queremos paz na aposentadoria. Equacionamento: essa conta não é nossa!” foi o lema do encontro, organizado pela AEA-PB, com apoio do Sindicato dos Bancários da Paraíba e Apcef-PB.

De acordo com o balanço anual de 2022, divulgado pela Funcef ano passado, o déficit consolidado é de R$ 6,9 bilhões. O primeiro equacionamento começou a ser pago em 2016, após dois anos consecutivos de déficit no fundo. Atualmente, quase 60 mil participantes, entre ativos e aposentados, desembolsam mensalmente, três valores referentes aos equacionamentos.

Teresinha Leandro, presidente da Associação dos Economiários Aposentados e Pensionistas (AEA/PB), falou sobre o impacto do equacionamento no salário dos aposentados. “Muitos de nós não tem, por exemplo, mais margem consignada por causa dos valores que pagamos de equacionamento. Essa dívida impacta na nossa alimentação, no nosso transporte, na nossa saúde, no nosso lazer, no nosso estilo de vida. Todo mundo aqui achava que ia ter paz quando se aposentasse e, no entanto, somos obrigados a pagar uma conta que não é nossa. Por isso, estamos reunidos para demonstrar a nossa insatisfação”.

Silvana Ramalho, empregada da CAIXA e secretária-geral do Sindicato dos Bancários da Paraíba, frisou a importância da união das entidades na luta pelo fim do equacionamento. “Quando a gente olha para a história das principais conquistas dos trabalhadores no mundo, fica claro que a soma de forças de lideranças e correntes políticas distintas, foram primordiais para atingir os objetivos da classe trabalhadora. Nós, do Sindicato dos Bancários da Paraíba, disponibilizamos nossos recursos e nossa experiência na luta coletiva para contribuir com esse pleito”.

O presidente da Apcef-PB, Roncálio Peixoto, participou do protesto e ressaltou que o equacionamento compromete parte do salário dos participantes. “Essa dívida está afetando a saúde e qualidade de vida das pessoas, principalmente dos aposentados. Por isso, decidimos nos unir nessa luta que diz respeito a todos os participantes do fundo”.

Maria do Carmo Diniz, que trabalhou na CAIXA durante 33 anos, e hoje é aposentada, fez questão de participar do ato. “Vim hoje para falar sobre a nossa indignação e do descaso com os participantes da Funcef, especialmente os aposentados que já sofrem muito e ainda têm que pagar essa dívida que maltrata a todos nós. O que queremos e merecemos é paz para curtir a nossa aposentadoria com dignidade”.

Ainda esta semana, será criada uma comissão com representantes da AEA-PB, Apcef-PB e Sindicato dos Bancários da Paraíba para elaborar um documento a ser entregue ao presidente da CAIXA, Carlos Vieira, à diretoria da Funcef e ao presidente da Fenae, Sérgio Takemoto.

Grupo de Trabalho

Em dezembro do ano passado, o presidente da Funcef, Ricardo Pontes, e o presidente da CAIXA, Carlos Vieira, assinaram a portaria de criação do Grupo de Trabalho com o objetivo de apresentar soluções e propostas para o equacionamento. Como as entidades representativas dos empregados ficaram de fora do GT, decidiram criar um grupo de trabalho paralelo para debater alternativas para o fim do equacionamento, que afeta os participantes do Reg/Replan Saldado e Não Saldado. “O equacionamento compromete significativamente os participantes destes planos, devido ao impacto nos benefícios ocasionado pelo pagamento de contribuições extraordinárias, que compromete nossa renda e afeta nossas vidas. Precisamos avançar na busca por soluções, os participantes não podem mais esperar”, disse Sérgio Takemoto, presidente da Fenae.

O GT é composto por dirigentes da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae), Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT) e Associação Nacional dos Participantes de Fundos de Pensão e dos Beneficiários de Saúde Suplementar de Autogestão (Anapar). A proposta elaborada pelo grupo será entregue aos presidentes da Fundação, Ricardo Pontes, e da Caixa, Carlos Vieira, e apresentada aos participantes.

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