A Funcef, fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal, tenta junto ao governo alterar uma regra que define em até 8% o total de investimentos permitido em imóveis. Foi a estratégia encontrada pelo presidente do fundo, Guilherme Lacerda, para investir mais em um dos setores, segundo ele, menos afetados pela crise. A proposta da Funcef não define um porcentual máximo, mas sugere que o número seja flexível.

"É uma decisão tomada por conta dos desdobramentos da crise e da queda da taxa básica de juros", explica Lacerda.

A Funcef teve resultado positivo de 28,07% em 2007, mas no ano passado conseguiu apenas 1,74% de rentabilidade. As perdas com renda variável chegaram a 19,8%. Já em imóveis, os ganhos bateram em 25,2%.

Como o objetivo é conseguir o melhor desempenho possível, Lacerda não acredita que a Funcef ou outros fundos de pensão se interessem pelo programa de habitação popular do governo. "Só se tivesse uma boa rentabilidade", diz.

O pedido da Funcef chegou ao governo em janeiro e ainda tem de ser analisado pelo Conselho Monetário Nacional e pela Secretaria de Previdência Complementar, ligada ao Ministério da Previdência. Segundo a secretaria, o fundo de pensão da CEF foi o único até agora a fazer esse tipo de solicitação. Hoje a Funcef está praticamente engessada, já que seu investimento em imóveis encostou nos 8%.

Sérgio Rosa, presidente da Previ, fundo dos funcionários do Banco do Brasil, descarta a necessidade de aumentar o limite para a carteira imobiliária. Em 2008, a rentabilidade da Previ em imóveis foi de 21%. "A Funcef está pressionada pela proximidade do limite dela. É um segmento atrativo, a transparência aumentou muito, o que diminuiu o risco que existiu no passado", afirma.

Fonte: Folha de São Paulo / Paula Pacheco