O banco, estratégico para fomentar o desenvolvimento na região, virou joguete nas negociações de Jair Bolsonaro com o Centrão – Os funcionários do Banco do Nordeste divulgaram uma nota contra a instrumentalização do banco, que virou joguete nas negociações de Jair Bolsonaro com o Centrão. Após Alexandre Borges Cabral tomar posse como presidente da instituição na terça-feira (2), nomeado na cota do PL, o banco divulgou nota na quarta (3) anunciando sua exoneração.
O governo temeu repercussões pelo fato de Cabral ser investigado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) por irregularidades em contratações quando chefiava a Casa da Moeda, em 2018, como prejuízo estimado em R$ 2,2 milhões. Em seu lugar, assumirá interinamente Antônio Jorge Pontes Guimarães Júnior, atual diretor Financeiro e de Crédito.
A respeito do episódio, a Associação de Funcionários do Banco do Nordeste (AFBNB) afirmou que o governo federal trata a instituição, seus funcionários e a sociedade de forma desrespeitosa, “ao sabor das conveniências politiqueiras e de interesses mesquinhos”.
Na avaliação dos funcionários, as trocas na direção causa vulnerabilidade e instabilidade, em descompasso com o momento por que passa a instituição.
“No contexto da grave pandemia da Covid 19 que ceifa a vida de milhares de trabalhadores a cada dia, que exige mais do que nunca a ação de políticas públicas e sociais, de forma lamentável e sem a devida responsabilidade, o BNB é jogado a incertezas com a exposição e repercussão negativa na mídia, afetando sobremaneira a sua dinâmica institucional”, diz a nota.
A AFBNB acrescenta que esse tipo de prática deve ser “veemente combatida” a fim de que seja “abolida de uma vez por todas”. Diz, ainda, que repudia o uso da instituição como moeda de troca.
Confira a íntegra da nota dos funcionários:
A propósito do episódio recente que envolve a mudança na gestão do Banco do Nordeste do Brasil(BNB), a AFBNB mais uma vez vem a público para manifestar entendimento contrário à forma de tratamento desrespeitosa que é dada à Instituição, aos seus trabalhadores e à sociedade, sobrepondo-os ao sabor das conveniências politiqueiras e de interesses mesquinhos de e por quem tem o poder de mando para tal – o Governo Federal. Tal situação soa inoportuna e desnecessária, pois só traduz a miopia quanto à natureza, essência e objetivos que permeiam o existir do BNB. Além disso, ocasiona vulnerabilidade e instabilidade, haja vista estar em total descompasso com o momento porque passa a Instituição, sem quaisquer desgastes ou questionamentos técnicos ou de qualquer outra natureza que justifiquem o ato.
No contexto da grave pandemia da Covid 19 que ceifa a vida de milhares de trabalhadores a cada dia, que exige mais do que nunca a ação de políticas publicas e sociais, de forma lamentável e sem a devida responsabilidade, o BNB é jogado a incertezas com a exposição e repercussão negativa na mídia, afetando sobremaneira a sua dinâmica institucional. Trata-se de prática reprovável, que deve ser veementemente combatida na perspectiva de que seja abolida de uma vez por todas. Como registra a história, os resultados dessa atávica cultura politiqueira nem sempre desembocam em situação confortável, por ser dissonante e inadequado para o perfil do Banco quanto ao seu papel social e missão para a qual foi criado.
A AFBNB reedita, por considerar oportuno, necessário e coerente, texto elaborado por um dos seus dirigentes, datado de 2018, produzido em circunstância semelhante, o qual traduz o pensamento da Entidade quanto ao assunto em questão, sendo esta a abordagem institucional feita em diversas ocasiões ao longo da sua trajetória de 34 anos de luta quando instada a fazê-lo. (veja abaixo)
Assim como tem procedido, a AFBNB seguirá firme na defesa do BNB e dos trabalhadores e na luta por um Banco cada vez mais forte e cumpridor do seu papel. Neste sentido vai intensificar as ações pelo seu fortalecimento e garantia de recursos estáveis, além da manutenção do atual modelo de gestão do FNE, de exclusiva operacionalização pelo BNB, na compreensão de que o Fundo constitui uma imprescindível ferramenta de política regional de desenvolvimento, razão maior da existência do Banco.
O BNB, os trabalhadores e a sociedade merecem respeito! A Associação repudia veementemente o uso do BNB como moeda de troca; como barganha no mercado rasteiro da velhíssima política do “toma lá, dá cá”, que não serve às demandas de quem realmente precisa dos serviços da Instituição, mas sim de quem vê a mesma como um mero instrumento das suas pretensões imediatas.
Fonte: Vermelho