O ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciou a fusão do Banco do Nordeste (BNB) com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) diante da indignação da bancada nordestina no Congresso Nacional. Para economistas, esta fusão põe em risco o desenvolvimento da região nordestina, visto que o BNB é o maior agente de crédito rural do Brasil.
Segundo o coordenador da Comissão Nacional dos Funcionários do BNB, Tomaz De Aquino, este tipo de ameaça sempre rondaram os governos neoliberais e o fato de o Banco do Nordeste constar na lista de empresas privatizáveis do atual governo é uma medida muito preocupante. “Tanto a privatização como a fusão, o prejuízo é o mesmo e de grandes proporções, não só para a questão funcional, mas principalmente para a questão social. Pois, apesar do banco ter um quadro enxuto e agências pequenas, ele é o maior fomentador do crédito rural do nosso país”, destacou.
A fusão do Banco do Nordeste põe em risco o desenvolvimento da região, o agronegócio dos 9 estados que compõem a região, sem falar que a extinção do banco coloca em perigo o sustento de 7.214 famílias dos funcionários do órgão.
Para Tomaz, fundir o Banco do Nordeste, que tem 7 mil funcionários ao BNDES, além de significar uma queda na sua estrutura, representa uma perspectiva muito ruim e negativa para a economia do Nordeste. “O prejuízo é muito grande para a sociedade nordestina e até do país, porque o banco atuou como agente que atenua as desigualdades e pode evitar até que haja êxodo rural, complicando ainda mais a vida das outras cidades e metrópoles de outras regiões do país”, afirmou.
Em dois anos, houve um crescimento de 160 mil clientes no BNB. Só em Sergipe, cerca de 10% da rede bancária, com 17 agências, é do Banco do Nordeste, que hoje, entre financiamentos em comércio, serviços, rural, indústria e infraestrutura, investe R$ 134,9 milhões que são destinados às micro e pequenas empresas. É o maior banco de desenvolvimento regional da América Latina.
Atualmente, são 4 milhões de clientes ativos e um lucro R$ 371,6 milhões, só de janeiro a agosto de 2018, além de um montante de R$ 43,3 bilhões em recursos aplicados. Resultados que vão ao encontro do fortalecimento em governança adotada pelo Banco.
“Extinguir ou privatizar um banco como o BNB, significa que nós vamos ter toda uma gama de setores sociais da agricultura de subsistência, que sobrevivem de recursos de longo prazo, que o banco presta, praticamente dizimada”, finalizou Tomaz.
Bancada nordestina do Congresso Nacional apresenta requerimento para a criação de uma Comissão Geral para tratar do tema na Câmara dos Deputados e esclarecer os motivos e implicações de uma fusão do Banco do Nordeste ao BNDES.