Quatro instituições de poupança espanholas anunciaram planos para combinar seus recursos e criar um conglomerado que será o quinto maior fornecedor de crédito do país. O anúncio das quatro "cajas de ahorro", como são conhecidas as caixas econômicas regionais espanholas, é o mais recente em uma série de fusões e acordos de cooperação promovidos pelo banco central para reestruturar o setor financeiro do país.

O plano de fusão das quatro instituições, não listadas em bolsas, foi recebido com ceticismo por analistas bancários, que questionam a ausência de promessas de cortes de custos ou de melhoras nos balanços patrimoniais. Ao contrário das fusões dentro de uma mesma região, como as duas já aprovadas na Catalunha, o novo plano mostra poucos espaços óbvios para fechamento de agências em áreas sobrepostas ou corte de funcionários. "Como se soluciona isso?", perguntou um analista, que não quis se identificar.

O Banco da Espanha, autoridade monetária do país, informou que qualquer pedido por recursos públicos do Frob (o novo fundo de reestruturação bancária do governo espanhol) apenas será concedido em troca de compromissos de reestruturação e profundos cortes de custos pelas "cajas" em questão.

A Caja Mediterráneo, de Valencia; Cajastur, de Asturias (que está absorvendo a Caja Castilla La Mancha, que quase quebrou em 2009), Caja Extremadura; e Caja Cantabria anunciaram acordo para criar o Sistema Institucional de Protección (SIP), com ativos superiores a ? 135 bilhões e taxa de capital próprio, conhecida como "Tier One" em inglês, de 9,4% dos ativos.

As instituições informaram que o SIP – que permitirá às "cajas" manter suas marcas locais, operações de varejo locais e propósitos beneficentes e, ao mesmo tempo, agrupar seu capital e gestão de risco – será como um banco, com sede em Madri, e que irá buscar apoio financeiro junto ao Frob.

O anúncio da combinação das instituições chegou menos de três dias depois de o Banco da Espanha ter confiscado a CajaSur, uma caixa econômica em dificuldades financeiras que era controlada até então pela Igreja Católica Romana, na cidade de Córdoba, ao sul do país.

A tomada de controle da CajaSur, que não havia conseguido selar um acordo de fusão com a Unicaja, enervou os já voláteis mercados financeiros mundiais, embora a instituição tivesse apenas 0,6% dos ativos do setor financeiro espanhol.

Assim como o confisco da Caja Castilla La Mancha em 2009, a intervenção das autoridades espanholas na CajaSur no fim de semana expôs o agravamento do problema das instituições de crédito espanholas com dívidas irrecuperáveis, que de outra forma teria ficado escondido.

Fonte: Financial Times /  Victor Mallet, de Madri

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