Crédito: Seeb São Paulo
Renata falou aos trabalhadores durante o debate Desgaste Mental na Categoria Bancária: Fatores Determinantes e Formas de Enfrentamento, realizado no Auditório Amarelo do Sindicato na quarta-feira 28.
"Notamos que é muito comum a saúde mental ser abalada ou o ápice do problema se dar durante processos de fusão", disse ao apresentar relatos comoventes da vida de bancários adoecidos, resultado dos encontros do grupo. Segundo o estudo, práticas antiéticas, assédio moral, obrigação por realizar vendas casadas e pressão por metas estão entre os grandes fatores que contribuem para o desgaste mental.
A secretária-geral do Sindicato, Raquel Kacelnikas, alertou os trabalhadores para problemas de assédio tanto em bancos públicos como em instituições privadas. "Esse é um assunto central na nossa categoria e nos preocupa muito. Mais que conferir o nosso diagnóstico, esse Sindicato tem o papel de ser um ator social de interferência efetiva na relação capital x trabalho, é uma luta contínua", disse.
Já o secretário de Saúde do Sindicato, Walcir Previtale, relembrou a importância do combate às metas abusivas e reforçou que essa é uma prioridade eleita pelos próprios bancários para a Campanha Nacional Unificada 2010. "Esta é a transformação social que queremos tanto conquistar com nossa luta."
O trabalho promovido pelo Sindicato e pela PUC-SP pretende não apenas acumular conhecimento, mas também buscar uma ação transformadora, para que os adoecidos se sintam acolhidos e encontrem caminhos para sair do isolamento. "É preciso identificar a relação entre o problema, no caso o desgaste mental, e o trabalho", explicou a professora. Para ela, a maioria dos bancários que passaram pelo grupo sabem relacionar o trabalho com seu problema de saúde, porém, se sentem culpados, o que é um equívoco.
Renata destaca que entre os principais fatores que fazem desencadear o desgaste mental está o rebaixamento de cargo ou salário, mudança na chefia, humilhações e o individualismo e competitividade que está principalmente na rotina de "bater" metas que não são coletivas. Outra situação responsável pelo agravamento é a passagem pelo INSS. A maior parte dos que foram ao grupo de acolhimento relataram situações de constrangimento e humilhação em perícias médicas.
Coletivismo e esperança
Renata Paparelli afirmou ainda que o grupo fez com que bancários minimizassem seu sofrimento e encontrassem opções de enfrentamento, como perceber que não estão sozinhos. Puderam, então, formular coletivamente formas de protesto e perspectivas. A psicóloga relatou ainda que a sensação de alívio por estarem amparados e terem com quem desabafar resultou numa melhora, tudo por conta de uma micro rede de pessoas com o mesmo problema, com o apoio do Sindicato e do grupo de pesquisa da PUC.
Ao final do debate, a frase da cipeira Denise, do Complexo São João do Banco do Brasil, justificou a luta continua do Sindicato em busca de mais qualidade para a categoria no local de trabalho e a insistência nas mesas de negociação ou nas ruas para que os bancos invistam no combate e prevenção ao assédio moral, LER/Dort e qualquer doença ocupacional: "O Sindicato é um espaço de luta coletiva."
Fonte: Seeb São Paulo