Washington – O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, pediu aos congressistas que concluam a reforma do sistema regulatório financeiro até o fim deste ano. Mas, embora Geithner tenha pedido por mudanças rápidas em um sistema regulatório "antigo e ineficiente", a atual disputa entre os órgãos reguladores que vão elaborar a nova estrutura de supervisão indica que os legisladores enfrentarão grandes dificuldades para criar um conjunto de normas de grande vulto neste ano.

Em um discurso preparado para depoimento no Comitê de Serviços Financeiros da Câmara, Geithner afirmou que não deve haver "desacordo em relação à necessidade de agir" para solucionar a série de problemas revelados pela crise financeira. "Não podemos permitir uma situação na qual deixamos no lugar vulnerabilidades que vão plantar as sementes de crises futuras", disse Geithner.

No geral, os órgãos reguladores federais concordam com essa posição, como ficou claro nas declarações feitas hoje pelo Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano), pela Corporação Federal de Seguro de Depósito (FDIC, na sigla em inglês) e pelo Escritório de Regulação de Câmbio (OCC, na sigla em inglês) em favor dos planos do governo do presidente Barack Obama. Mas há divergências a serem discutidas.

A principal divisão entre o governo Obama e os órgãos reguladores federais diz respeito à criação de uma Agência de Proteção Financeira ao Consumidor com ampla autoridade para elaborar e aplicar regras em relação a produtos financeiros usados por consumidores. A nova agência já foi criticada por grupos empresariais e financeiros, mas os depoimentos preparados para serem feitos hoje à Câmara mostram que os reguladores também estão preocupados com as mudanças propostas.

John Dugan, diretor do OCC, disse ter "sérias preocupações" com a nova agência porque o plano do governo não vai permitir que reguladores bancários federais ofereçam opiniões significativas sobre as novas regras a consumidores. A presidente da FDIC, Sheila Bair, expressou um ponto de vista diferente, mas também se distanciou da proposta do governo.

Sheila afirmou que a agência proposta deveria ter autoridade exclusiva para elaboração de regras para produtos financeiros de consumo, mas que os reguladores bancários federais devem ser chamados para analisar e aplicar tais regras. Essa é uma visão diferente da do governo, que prevê uma agência que elabore e aplique as regras para produtos como hipotecas e cartões de crédito.

Fonte: Agência Estado / Danielle Chaves, com Dow Jones