O fato de o swap não ter sido revelado pode ter permitido que o Goldman Sachs, que foi coadministrador de várias das emissões, outros subscritores e a Grécia conseguissem um preço melhor pelos bônus, segundo Bill Blain, cochefe de renda fixa na Matrix Corporate Capital LLP, uma corretora e administradora de fundos londrina.
"O preço dos bônus deveria refletir a realidade das finanças da Grécia", disse Blain. "Se um banco estava vendendo [a Grécia] a investidores, com base na informação disponível publicamente e eles estavam cientes de que a informação era incorreta, então, os investidores foram enganados."
A Goldman Sachs, uma das corretoras mais rentáveis de Wall Street, vem sendo criticada por políticos europeus, incluindo os governistas democrata-cristãos, que questionaram se a instituição ajudou a Grécia a esconder seu déficit para atender os critérios de aceitação na união monetária europeia. A Grécia também vem sendo criticada por outros países da região do euro por ter deixado de revelar o swap às autoridades reguladoras da UE.
Os swaps usados pela Grécia para administrar a dívidas foram "legais na ocasião", disse o ministro das Finanças da Grécia, George Papaconstantinou, em 15 de fevereiro. O governo não faz operações do tipo atualmente, segundo o ministro.
A Eurostat, agência de estatísticas da UE, ordenou que a Grécia entregue informações sobre os swaps até o fim da semana, uma investigação que poderia estender-se a outros países do bloco econômico.
O Goldman Sachs ganhou cerca de ? 735 milhões subscrevendo bônus do governo grego desde 2002, segundo dados compilados pela Bloomberg. Foram dez emissões de bônus. Os documentos explicativos de seis desses lançamentos, obtidos pela Bloomberg, não contêm informações dos swaps. Não foi possível obter os outros quatro.
O Goldman Sachs poderia ter de enfrentar contestações judiciais "se puder ser estabelecido que eles estavam escondendo conscientemente o risco e que, portanto, sabiam ou tinha motivo para saber que os documentos dos bônus eram enganosos", disse Thoman Hazen, professor de Direito na University of North Carolina. "Mas isso seria uma tarefa muito complicada, em termos de ônus da prova. Teria de haver algum memorando explosivo."
O swap permitiu à Grécia melhorar seu orçamento e déficit, com o que atingiu a meta necessária para continuar dentro da união monetária. O conhecimento de tais operações poderia ter mudado a percepção de risco dos investidores quanto à Grécia, assim como o preço que estavam dispostos a pagar pelos bônus do país.
Uma investigação do governo grego neste mês identificou uma série de acordos de swap com corretoras que permitiram ao país esconder seu crescente déficit. A Grécia usou os acordos para adiar pagamentos de juros, provocando "danos de longo prazo" ao Estado grego, segundo documento de 1º de fevereiro, feito a pedido do Ministério das Finanças.
Os swaps, que não violam necessariamente as regras da UE, consistiram na conversão, para euros, de cerca de US$ 10 bilhões em bônus lançados pela Grécia em dólares e ienes, usando-se uma cotação que reduziu a dívida e gerou cerca de US$ 1 bilhão em pagamento antecipado, do Goldman Sachs para a Grécia.