Mantega ficou irritado com a estratégia dos bancos privados, que vieram a Brasília, em sua avaliação, com a simples intenção de jogar a culpa pelos elevados "spreads" no colo do governo.
Em conversa com assessores, o ministro rebateu as afirmações de Murilo Portugal, presidente da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), e disse que a "bola não está com o governo, mas sim com os bancos privados".
Segundo Mantega, após os bancos cortarem os "spreads", o governo pode, sim, analisar as propostas reveladas anteontem pela Febraban.
Técnicos descartam, porém, atender pedidos dos bancos que impliquem redução dos impostos pagos pelo sistema financeiro, como foi pedido durante a reunião com o secretário-executivo da Fazenda, Nelson Barbosa.
Para o governo, as desonerações têm de estar voltadas para o setor produtivo, principalmente a indústria.
FRUSTRAÇÃO
O encontro de terça-feira foi classificado de frustrante pela equipe econômica.
Na avaliação do governo, os bancos se concentraram mais em fazer um diagnóstico dos problemas na área e listar antigas propostas, que já eram conhecidas, como a redução do valor dos depósitos compulsórios (parcela que eles recolhem obrigatoriamente ao Banco Central e que fica, em sua maior parte, sem remuneração).
Os técnicos focaram fala do presidente da Febraban para mostrar que há espaço para "spread" menor. Foi lembrado o percentual de 30% citado por Portugal como margem de lucro dos bancos nas operações de crédito, considerada alta pelo governo.
A Fazenda considera que nos últimos anos já se avançou muito com a regulamentação de propostas que ajudam a diminuir o custo dos empréstimos. Agora, está na hora de "os bancos fazerem algo por conta própria".
Para o ministro, não há por que os bancos assumirem atitude defensiva e reduzirem a concessão de crédito.
O Ministério da Fazenda destacou, durante a reunião com a Febraban, que o Banco do Brasil e a Caixa reduziram as taxas de juros de operações de crédito nos últimos dias sem que o governo adotasse novas medidas na área.