BRASÍLIA – Apesar do armamento pesado usado pela equipe econômica para segurar a inflação – como a alta dos juros e um corte recorde de R$ 50 bilhões no Orçamento – a equipe econômica continua preocupada e tem na mira um fantasma que ainda ronda o país: a indexação. Como mostra reportagem de Martha Beck, publicada pelo GLOBO neste domingo, o primeiro passo para tentar acabar com esse problema será enviar ao Congresso Nacional ainda este ano uma proposta que modifica a remuneração da caderneta de poupança, fixada hoje em Taxa Referencial (TR) mais 6%.

O assunto, no entanto, é polêmico. Tanto que, em 2009, quando os juros estavam em 10,25% ao ano, com possibilidade de baixarem para um dígito, o governo ficou preocupado e apresentou uma proposta que previa a cobrança de Imposto de Renda (IR) para depósitos acima de R$ 50 mil. O temor era de que, num cenário de juros baixos, os investidores deixassem fundos de renda fixa para colocar seu dinheiro numa remuneração garantida, o que poderia provocar um desequilíbrio no mercado.

A ideia provocou alvoroço e a equipe econômica foi acusada de tentar prejudicar os pequenos poupadores. Com a volta das pressões inflacionárias e da alta de juros, o assunto acabou sendo deixado de lado temporariamente.

Mesmo assim, a ideia dos técnicos é tratar da remuneração da poupança ainda em 2011 para que o assunto seja amplamente discutido pela sociedade e tenha chances de avançar antes do fim do mandato da presidente Dilma Rousseff. O objetivo é dar condições ao Banco Central para reduzir juros, permitindo à economia crescer em patamares mais elevados sem ter que se preocupar com esse tipo de entrave.

A nova fórmula para a correção ainda está em estudo, mas a ideia é que ela varie de acordo com a flutuação das taxas de juros. A ideia de 2009 de cobrar IR sobre depósitos mais elevados era apenas emergencial, num momento em que não havia espaço para tratar da remuneração de fato.

Fonte:  O Globo / Martha Beck

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