A ministra de Direitos Humanos, Maria do Rosário, instituiu grupo de trabalho para adotar as medidas necessárias à exumação dos restos mortais do ex-presidente João Goulart, sepultado em São Borja, no interior gaúcho.

A exumação – com a qual se pretende esclarecer se ele foi vítima de envenenamento – está marcada para a próxima quarta-feira, dia 13, A portaria a respeito, com a lista de integrantes do grupo, saiu ontem no Diário Oficial da União.

A portaria segue-se a um pedido feito em maio pela família de Jango – como era conhecido Goulart, que presidiu o País de 1961 a 1964 e foi deposto pelo regime militar.

Na ocasião, a Comissão Nacional da Verdade havia aceito pedido para fazer a exumação.

O grupo terá representantes da própria Secretaria, da CNV e peritos da Argentina, Cuba e Uruguai, sob coordenação da Polícia Federal.

O texto assegura a participação da família de Jango, que poderá acompanhar todas as reuniões e procedimentos do grupo. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha atuará como observador internacional.

“O Grupo de Trabalho encerrará suas atividades após a entrega do laudo oficial conclusivo das atividades periciais”, afirma o texto.

Em outubro, em reunião com a família, a ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos foi enfática: “Estamos em plenas condições de realizar esse procedimento em busca da verdade do que ocorreu com o presidente João Goulart em 1976. Estamos preparados para o processo de exumação.

Os restos mortais de Jango serão transportados de São Borja para Brasília, onde os trabalhos de análise técnica serão realizados. O retorno à cidade natal do ex-presidente está previsto para o começo de dezembro.

Suspeita

Jango morreu na Argentina em 6 de dezembro de 1976. Ele vivia em Mercedes, província de Corrientes, que é vizinha ao Rio Grande do Sul, onde vivia como exilado.

Na ocasião, não foi realizada autópsia. O atestado de óbito, cita somente o termo “enfermedad” (“doença”), como motivo da morte.

Com a exumação, os peritos brasileiros e os convidados de outros países tentarão examinar se a morte se deveu a causas naturais – no caso, complicações cardíacas, versão apresentada na ocasião e desde então admitida como oficial – ou se ele foi vítima de envenenamento, como sustentaram na ocasião algumas pessoas ligadas à família e adversários do regime militar.

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