A greve de fome protagonizada por trabalhadores do campo contra a reforma da Previdência completa nesta segunda-feira (11/12) sete dias. Para marcar a data, os grevistas voltaram à Câmara dos Deputados, em maior número. Agora, são sete os manifestantes que protestam contra o projeto do golpista Michel Temer (PMDB-SP) de acabar com a aposentadoria de milhões de trabalhadores e trabalhadoras.

Aderiram à manifestação Simoneide de Jesus, do Movimento de Pequenos Agricultores (MPA), Rosangela Piovizani e Rosa Jobi, do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC). Elas protestam ao lado de Frei Sérgio Görgen, Josineide Costa e Leila Meurer (MPA), além de Fábio Tinga, do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras por Direitos (MTD).

“É preciso que algumas pessoas passem fome por alguns dias para que a sociedade não passe fome a vida toda”, destacam os grevistas.

Mentira descarada

Mais uma vez o presidente ilegítimo Michel Temer mentiu para a população brasileira ao afirmar que, com as alterações recentes, a reforma da Previdência não vai atingir os assalariados rurais e agricultores familiares que, pela lei atual, estão inseridos na categoria “segurados especiais”.

Se a nova proposta de reforma da Previdência for aprovada, os trabalhadores e as trabalhadoras rurais assalariados terão de contribuir, no mínimo, durante 15 anos e se aposentar aos 65 anos no caso dos homens e 62 anos, das mulheres, para receber 60% da média de todas as suas contribuições. As regras são iguais aos trabalhadores da iniciativa privada.

Isso vai inviabilizar a aposentadoria dos assalariados rurais, afirma Antonio Lucas, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Assalariados e Assalariadas Rurais (Contar). Segundo ele, essa nova proposta não dificulta o acesso dos rurais, exclui o assalariado rural do direito à aposentadoria. “É bom lembrar que, no Brasil, os assalariados rurais são os trabalhadores que convivem com a realidade do trabalho análogo à escravidão, com a alta informalidade e ingressam mais cedo no mercado de trabalho”, explica o dirigente.

E também a dos agricultores familiares (pequenos produtores) que passarão a contribuir individualmente e por mês, “o que praticamente acaba com o sistema de proteção diferenciado dos rurais”, explica Aristides Veras dos Santos, da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag).

Para Bruno Pilon, do MPA, “a realidade do trabalhador do campo não permite que ele tenha uma reserva mensal para contribuir com a Previdência. Um trabalhador que planta, por exemplo, colhe apenas duas vezes por ano. Ou seja, tem apenas duas rendas. Como ele vai conseguir contribuir mensalmente”, argumenta.

Além de terem um motivo específico para lutar contra a reforma da Previdência, os trabalhadores do campo estão na trincheira contra o projeto pelo conteúdo total da proposta temerária. Eles afirmam que a falácia criada pelo governo de que os trabalhadores rurais estão fora do novo texto da reforma da Previdência, tem como objetivo “desmobilizar e dividir a luta e resistência”.

Reforçando a resistência e as ações contra a Reforma da Previdência, as organizações que compõe a CUT e a Frente Brasil Popular estão chamando diversas ações a partir de hoje em todo País.

“Convocamos todas as organizações do campo e da cidade para resistirem a reforma, também para somarem forças nas ações em todos os Estados, para que possamos barrar a reforma da Previdência. É hora de tomarmos medidas de sacrifício, mas que serão necessárias para garantir os nossos direitos e em especial para nossas gerações futuras, temos que dar mais um passo para esmagar a Reforma da Previdência em seu ninho golpista”, afirma Maria Kazé, da coordenação nacional do MPA.