Crédito: Jailton Garcia/Rede de Comunicação dos Bancários
Nos debates, bancários consideram fundamental envolver a sociedade na discussão
Durante o governo Lula, foram realizadas cerca de 70 conferências de setores ou segmentos sociais distintos. Os bancários consideram que a conferência do sistema financeiro vai exigir muita mobilização da categoria para que venha a acontecer, pois se trata de segmento econômico dos mais expressivos do país, com forte resistência por parte dos banqueiros em debater com os trabalhadores e com a sociedade.
O Grupo 4 indicou também uma série de outras iniciativas para buscar a regulamentação do sistema financeiro, entre as quais a proposição de um Projeto de Lei de Iniciativa Popular pelo qual se poderia assegurar, inclusive, a realização de plebiscito nacional para saber a opinião da sociedade sobre a ideia de estatização do sistema bancário. Os bancários consideram importante que seja tratada também em projeto de lei a ampliação do Conselho Monetário Nacional (CMN) com representantes dos trabalhadores e da sociedade, assim como a definição do papel e do espaço de atuação do Banco Central (BC).
Apoio ao PDL de Berzoini
O Grupo 4 também manifestou apoio ao Projeto de Decreto Legislativo nº 214/2011 do deputado Ricardo Berzoini (PT-SP), que revoga as recentes resoluções do Banco Central que ampliam o escopo de atuação do correspondente bancário. A proposição susta a aplicação dos artigos 1º a 21 da Resolução 3.954, de 24 de fevereiro deste ano, assim como os incisos I e II do artigo 22 e o inciso II do artigo 23 da referida resolução. Enfim, acaba com as autorizações para o funcionamento de correspondentes bancários.
"Não basta aprovarmos apenas uma pauta de reivindicações em defesa de melhor remuneração e condições de saúde e de trabalho, se os correspondentes bancários ameaçam a própria existência da categoria", diz Miguel Pereira, secretário de Organização da Contraf-CUT, que foi relator da mesa do grupo que discutiu o sistema financeiro.
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Os participantes do grupo indicaram à plenária final da Conferência, também, a elaboração de um documento a ser entregue à presidenta Dilma Roussef e à equipe econômica do governo federal para discutir o impacto negativo da ampliação dos correspondentes sobre a categoria e a população.
"Os bancários consideram que a ‘bancarização’ por meio de correspondentes precariza tanto o trabalho bancário como os serviços prestados ao cidadão", acrescenta Miguel Pereira.
Melhorar o atendimento bancário
Para se contrapor aos correspondentes bancários, os delegados do Grupo 4 defenderam também a ampliação do horário de atendimento nas agências bancárias, com a criação de dois turnos de trabalho, desde que garantida a jornada de seis horas da categoria. Os participantes do grupo sobre sistema financeiro propuseram ainda o resgate do debate sobre o papel dos bancos públicos estaduais, que atendiam a população do interior e das regiões mais distantes, com a instalação de agências pioneiras.
Com a privatização destas instituições durante o governo FHC, os bancos privados, embora sejam uma concessão pública, se negaram a abrir unidades nestas regiões alegando prejuízo financeiro. "Os bancos, como concessão pública, precisam cumprir esta responsabilidade social e abrir agências nestas localidades", afirma Miguel Pereira.
Outra estratégia defendida pelo grupo é o uso das redes sociais, blogs e das novas tecnologias de comunicação na campanha permanente dos bancários contra a precarização do atendimento e das condições de trabalho de bancários e comerciários e em defesa da regulamentação do sistema financeiro e da participação da sociedade no Conselho Monetário Nacional.