O bancário procurou, então, o Sindicato, que iniciou uma acirrada negociação com o HSBC, que acabou revendo a demissão do funcionário, sem a intervenção da Justiça. Segundo o secretário de Negócios Jurídicos do Sindicato, Alan Patrício, a entidade provou que o bancário tinha estabilidade e o banco acabou cancelando a demissão.
"Estávamos com o processo pronto para ingressar na Justiça, mas conseguimos resolver o impasse com o diálogo. As negociações com o HSBC resolveram o problema pontual, mas o banco tem demitido muitos bancários que estão na mesma situação. É uma vergonha, pois, em geral, o funcionário adoece por conta da falta de condições de trabalho originada pelo descaso da própria empresa com seus empregados", diz Alan, que é bancário do HSBC.
Entenda o caso
Pedro trabalha no HSBC há nove anos e sempre foi considerado um bom funcionário. "Sempre bati todas as metas impostas pelo banco e cumpria minhas funções com responsabilidade e afinco", conta.
No final de 2007, Pedro começou a sentir dores nos braços, ombros e mãos. Em pouco tempo, os médicos constataram uma LER. "Tenho vários problemas. São três cistos tendineus no braço direito e um no esquerdo. Tenho descalçamento nos ombros e muitas dores nas mãos. Desde 2008, tive seis afastamentos do trabalho, mas todas as vezes em que fui afastado voltava antes do prazo dado pelos médicos, porque eu ficava preocupado com o banco. Os próprios médicos me alertavam para o perigo de voltar ao trabalho antes da hora, mas eu sempre colocava o HSBC antes da minha saúde", explica.
Por conta dos afastamentos, Pedro perdeu várias oportunidades de ser promovido. Percebendo o descaso com que o HSBC tratava sua doença, o bancário entrou com uma ação na Justiça para comprovar que a doença foi causada pelo seu trabalho.
"A ação já foi julgada em última instância, e o Tribunal Superior do Trabalho reconheceu que o banco me adoeceu. Foram quatro laudos de médicos distintos comprovando que sofria de doença ocupacional. Mas o HSBC não levou nada disso em conta e me demitiu há quinze dias", diz.
Pedro tentou argumentar que sua demissão era ilegal, mas foi em vão. "E o que é pior: descobri que o HSBC me monitorava diariamente, como faz com todos os lesionados. Toda essa história me deixou muito triste e desmotivado com meu trabalho. Mas acionei o Sindicato, pois a justiça precisava ser feita", comenta.
Para Pedro, a ação do Sindicato foi imediata. "Sempre fui muito bem atendido pelos diretores e funcionários. O Alan virou um amigo. Agradeço muito ao Sindicato, que me apoio nesta hora difícil, comprou o meu problema e resolveu. É muito bom ter um Sindicato ativo e que brigue pelo trabalhador", diz.
O bancário conta que, agora, está cheio de expectativas para seu retorno ao banco. "Volto ao trabalho nesta terça-feira. Recebi muitas ligações de colegas me dando força, o que me ajudou muito neste momento. Só espero que o banco me deixe trabalhar e mude sua postura com relação aos seus funcionários, sobretudo os lesionados", finaliza.