Magdalena Chú deixou claro que ainda restam chegar os números relativos às zonas rurais mais afastadas, onde se estima que Humala tem um apoio muito mais sólido que sua rival.
O departamento de Lima, que concentra cerca de um quarto dos eleitores do país e que já teve todas as urnas contabilizadas, distorce o panorama dos resultados, pois nele, Keiko obteve até agora 57% dos votos, contra 42% de Humala.
Após a divulgação dos primeiros resultados oficiais, Humala fez um breve pronunciamento e depois se dirigiu à praça Dos de Mayo, no centro de Lima, onde promoveu um comício diante de milhares de pessoas que o esperavam há várias horas.
"A grande transformação que chega ao Palácio do Governo no dia de hoje é o produto do trabalho de milhões de peruanos, homens e mulheres, que lutaram para defender a democracia e seus valores e que hoje estão aqui representados", afirmou.
Perante seus seguidores, muitos deles de origem humilde e que festejavam com bandeiras do Peru e da coligação nacionalista Gana Perú, o presidente eleito renovou seu "compromisso com o povo peruano de crescimento econômico com inclusão social".
"Trabalharemos as relações internacionais buscando afirmar o Peru como um país que procura a unidade latino-americana. Buscaremos relações de irmandade com cada povo da região. Vamos continuar o bem que se veio fazendo, vamos corrigir o mal e vamos fazer a transformação", enfatizou.
Segundo ele, isso será possível "lutando", e não colaborando com a corrupção e com os corruptos. Ele pediu a seus compatriotas que trabalhem junto com ele porque "esta tarefa não será fácil".
Mas Humala também destacou que sabe que "governar não é assunto de uma só pessoa", por isso se comprometeu a convocar "os melhores quadros técnicos, independentes, intelectuais, para poder fazer um governo de concentração, de larga base, onde ninguém se sinta excluído e todos se sintam representados".
O presidente eleito reiterou que lutará de maneira firme contra a corrupção. "Há dinheiro (no Peru). É preciso conduzi-lo com responsabilidade, mas é preciso utilizá-lo para vencer a desigualdade", declarou.
"Meu único chefe é o povo peruano", exclamou perante o clamor de seus seguidores, aos quais disse que, apesar do grande crescimento econômico do Peru nos últimos anos, "não é possível que digam que o Peru avança enquanto há 12 milhões de pobres".
Keiko Fujimori reconheceu implicitamente a derrota eleitoral, ao deixar o hotel onde acompanhava a apuração. Já os simpatizantes de Humala se concentram em uma praça no centro de Lima à espera do virtual vencedor para festejar os resultados.
Pouco antes de abandonar o Hotel Bolívar, com semblante sério, Keiko saiu à sacada para cumprimentar seus simpatizantes.
Ao verem a candidata, os seguidores não pareciam se contentar com a derrota e começaram a gritar "sim, se pode", mas Keiko praticamente reconheceu sua derrota ao dizer-lhes que o fato de ter conseguido quase a metade dos votos e a confiança popular representava, para ela, motivo de "grande alegria e satisfação".
O triunfo de Humala foi parabenizado por chefes de Estado estrangeiros, como o chileno Sebastián Piñera, e personalidades locais, como o ex-presidente peruano Alejandro Toledo e o escritor Mario Vargas Llosa.
Vargas Llosa afirmou que "a democracia foi salva" no Peru e disse que os peruanos "agiram com responsabilidade, fizeram uma adesão ao sistema de liberdade e de legalidade que queríamos defender".
O Prêmio Nobel de Literatura de 2010, que apoiou a candidatura de Humala no segundo turno, considerou que agora "é muito importante que o futuro presidente do Peru dê todos os sinais necessários para reconciliar a família peruana".
"Ollanta Humala deve entender que esta vitória foi dada pelas classes médias. As classes médias são as que passaram neste segundo turno a confiar nele, a acreditar que ele se afastou do modelo absolutamente catastrófico de Chávez", ressaltou Vargas Llosa.
O escritor também disse que a derrota de Keiko Fujimori impediu "que uma ditadura que foi terrivelmente corrupta e sangrenta voltasse a tomar o poder", referindo-se ao governo do pai da candidata, Alberto Fujimori, que liderou o Peru nos anos 1990.
Fonte: Folha.com com agências internacionais