No dia nacional da bancária e do bancário, apesar dos altíssimos lucros, bancos seguem desrespeitando categoria ao apresentar reajustes rebaixados
A Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) continua resistente em mesa de negociações e se nega a dar reajustes reivindicados pela categoria bancária. Na 11ª rodada, que aconteceu nesta quarta-feira (28), a entidade apresentou duas propostas de reajustes por faixas. A primeira dividia a categoria em cinco faixas, todas sem ganho real. Na segunda, a categoria foi dividida em quatro faixas: duas com baixíssimo ganho real e outras duas sem ganho real, conforme tabela abaixo. O comando rejeitou ambas as propostas.
A Fenaban também segue recusando aumento real nas demais verbas, que receberiam reajuste apenas pelo INPC, somente a partir de 1º de novembro, incluindo PLR, vales alimentação e refeição. Veja tabela da última proposta:
Com essa proposta, na primeira faixa o ganho real seria de irrisórios 0,09%; na segunda faixa pior ainda, de 0,04%. As demais faixas não teriam ganho real. Além disso, 34,9% dos bancários, que estão na última faixa, não teriam reajuste na data-base, apenas a reposição da inflação em dezembro.
O Comando rejeitou. “A proposta é péssima, divide a categoria. Além disso, prejudica o pagamento da PLR, que seria antecipada apenas em novembro e também sem ganho real”, destacou a coordenadora do Comando Nacional dos Bancários e presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira. “Além disso, não trouxeram propostas de aumento maior nos vales, nem melhoria da PLR, além das outras reivindicações”, completou.
As negociações com a Fenaban serão retomadas nesta quinta-feira (29), a partir das 10h30. Além disso, amanhã também terão negociações dos bancos públicos Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, a partir do meio-dia.
O Comando orientou que as mobilizações nas redes e nas agências e escritórios continuem. As assembleias seguem marcadas para a próxima quarta (4).
Dados do setor
O Comando Nacional reforça que os bancos estão com larga vantagem em relação aos concorrentes no setor, por isso não há motivos para não conceder ganho real. Veja os dados:
– Em 2023, os bancos tiveram lucro de R$ 145 bilhões no país. Estamos falando de lucro, já descontado impostos, provisões, gastos com funcionários e equipamentos.
– No 1º semestre de 2024 o lucro dos 5 maiores bancos foi de R$ 60 bilhões, aumento de 15% em relação ao mesmo período de 2023.
– No Brasil, os bancos têm rendimento médio de 15% ao ano acima da inflação. A título de comparação, os bancos dos Estados Unidos têm rentabilidade média de 6,5% acima da inflação, na Espanha 10% e na Inglaterra 9%.
– As receitas dessas empresas representam 10 vezes as despesas de pessoal, enquanto que, nas cooperativas, essa relação é de 7 para 1 e, nas instituições de pagamento de 1,3 para 1.
A seguir, link para as matérias sobre cada rodada
18 de junho – entrega da minuta de reivindicações
1ª rodada, 26 de junho – Cláusulas sociais – Emprego
2ª rodada, 2 de julho – Cláusulas sociais – Tetrabalho e jornada reduzida
3ª rodada, 11 de julho – Igualdade de oportunidade
4ª rodada, 18 de julho – Saúde – PCDs e neurodivergentes
5ª rodada, 25 de julho – Saúde – combate à gestão por metas excessivas
6ª rodada, 7 de agosto – Cláusulas econômicas – aumento real e valorização nas demais remunerações
7ª rodada, 13 de agosto – Primeiro retorno da Fenaban sobre as reivindicações
Fonte: Contraf-CUT