O Ipea recorda que o país teve durante muito tempo um cenário de baixo crédito e muita demanda contida, o que ajuda a explicar o crescimento no número de operações nos últimos anos quando somado a uma série de medidas adotadas pelo governo federal. Além disso, ocorreu uma alteração no perfil dos empréstimos tomados pelas famílias, passando a apostar cada vez mais na compra de casas, que agora representam 23,2% das operações de crédito das pessoas físicas, contra 18% dos veículos.
O boletim indica que esta pode ser, de fato, uma das explicações para a dificuldade recente do governo federal de alavancar o crescimento com base no consumo do mercado interno: à medida que as pessoas contraem dívidas de longo prazo, tendem a deixar de lado a compra de bens vistos como supérfluos ou secundários. Mas a aposta é de que em poucos meses essa tendência perca força por conta da estabilização dos gastos, facilitada pela redução da taxa básica de juros, atrelada ao aumento da renda e do nível de emprego, dois fenômenos relativamente recentes no cenário nacional.
Além dos fatores individuais, o Ipea vê nos bancos brasileiros um cuidado maior na concessão do crédito do que o encontrado nos Estados Unidos, principalmente, onde empréstimos de alto risco acabaram levando a uma crise de inadimplência que resultou em um alto índice de despejos e na perda do poder de compra das famílias, ingressando em um ciclo no qual a queda do consumo empurrou a economia como um todo para a recessão.
Fonte: Rede Brasil Atual