Enquanto o Itaú Unibanco aspira projetar-se internacionalmente com a possível aquisição da Mexicana Banamex e promover investimento pesado no mercado de cartões de crédito, como foi veiculado nas edições deste mês das revistas Valor Investe e Exame, os empregados, por sua vez, assistem de mãos atadas à extinção da Financeira Taií e as conseqüentes demissões no Banco de Investimento (Itaú BBA) e Corretora.

Para frear a onda crescente de demissões que toma conta dos dois bancos desde dezembro último, a Contraf-CUT em conjunto com os sindicatos e as federações saem em defesa dos empregos e direitos dos trabalhadores. O tema é prioritário desde o início do processo de fusão entre as instituições, que se uniram para criar um banco com características globais.

"Quando anunciaram a fusão, Roberto Setúbal e Pedro Moreira Salles deram declarações à imprensa dizendo que não haveria demissões nem fechamento de agências. Não é o que estamos vendo", denuncia Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e bancário do Itaú. "Nós reivindicamos desde o início a assinatura de um acordo que dê garantia de emprego para todos os funcionários. No entanto, o banco quebrou a palavra de seu presidente e tem demitido cerca de 500 trabalhadores por mês, utilizando o chamado turn-over para disfarçar a redução do quadro. Isso não pode continuar", afirma.

Ganhos e incertezas

Mesmo ocorrida em meio à crise financeira global, a incorporação teve ótima aceitação do mercado financeiro, como mostra a Valor Investe. As ações do banco foram valorizadas, cotadas em 2,5 vezes seu valor patrimonial, que é de R$ 45 bilhões.

Com a fusão, a nova instituição se inseriu definitivamente entre as maiores do mundo, ocupando o 12ª lugar no ranking de líder de capitalização de mercado, com US$ 48,45 bilhões. O ativo total também disparou entre dezembro de 2007 e o mesmo período de 2008. De R$ 294.876 milhões para R$ 632.728 milhões. Alta de 114%.

Porém, a elevação dos ganhos não foi suficiente para afastar de vez o cenário de incertezas que insiste em rondar seus empregados, trabalhando diariamente com o risco sempre presente de que agências serão fechadas e centenas de funcionários serão demitidos por não terem mais espaço dentro da empresa recém formatada, como afirma um supervisor do Itaú para Revista Exame. "Há setores que ficaram mais ‘inchados’ do que deveriam. Na maioria das áreas, os funcionários abaixo dos diretores não fazem ideia se permanecerão no cargo atual, se serão convidados a mudar de posto ou simplesmente perderão o emprego. Estamos no escuro, nem conhecemos a equipe do Unibanco", admite.

"O objetivo de criar o Centro de Realocação é evitar as demissões que podem acontecer com a junção de setores semelhantes nas instituições", afirma Cordeiro. "Na próxima negociação com a direção do banco nos será apresentado o primeiro balanço destes empregados distribuídos em outros setores por meio do projeto de Realocação", acrescenta.

Fonte: Contraf-CUT, com Exame e Valor Econômico