Crédito: Mateus Bruxel
Mateus Bruxel A Jornada Contra a Violência e Por Justiça Social debateu na tarde de quinta-feira, dia 18, políticas alternativas no combate à violência e experiências locais, desenvolvidas por entidades e ONGs em comunidades e segmentos da sociedade em situação de vulnerabilidade. A atividade é promovida por 12 entidades, dentre elas o Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região (SindBancários) e a Federação dos Bancários do RS.

As explanações iniciaram com a integrante da ONG Guayí, que atua na capital gaúcha, Helena Bonumá. "Durante os últimos anos o crescimento da violência e da criminalidade se tornou cada vez mais amplo, mais perverso e mais difícil de tratar. Começamos a ver que a política de segurança atual não dá conta do problema. A solução imediata encontrada é sempre a de aumentar a repressão, através da contratação de mais policiais e mais viaturas, mas isto não resolve o problema".

Na avaliação de Helena, a idéia de que o crime é uma ação individual ainda persiste. "No núcleo de segurança da Guayí, chegamos à conclusão que as políticas atuais não resolvem porque a violência é endêmica e é tratada apenas com intervenção repressiva. Temos polícias que atuam de maneira fragmentada, por isso este modelo é totalmente incapaz de responder diante da complexidade dos problemas da área da segurança pública".

Ela destacou que é preciso atentar para uma visão alternativa da violência: como um problema social. A ativista disse ainda que as instituições da sociedade devem atuar de maneira integrada para exercer controle social, promover a organização social e dar condições de vida aos indivíduos.

Formação profissional no combate à violência

A experiência da Escola Técnica Mesquita, situada na zona Norte de Porto Alegre, foi apresentada pela coordenadora pedagógica Claudete Souza Oliveira. Segundo ela, a escola existe há 46 anos e se dedica a três princípios básicos: elevação da escolaridade; qualificação profissional e geração de trabalho renda.

"A violência está ligada à falta de oportunidades e de inserção no mundo do trabalho. Em 2000, as direções do Sindicato dos Metalúrgicos e da Escola chamaram a comunidade para discutir os efeitos do desemprego. Deste evento surgiram os projetos especiais que são mantidos até hoje", frisou.

Campanha da Fraternidade

A terceira exposição da mesa temática foi feita pelo padre Tarcísio Arsenio Rech, secretário executivo da CNBB – Confederação Nacional dos Bispos do Brasil. O sacerdote disse que a Campanha da Fraternidade 2009, cujo slogan foi A paz é fruto da justiça, quis provocar a toda a sociedade a se envolver no debate sobre segurança pública.

"A violência é uma ferida da sociedade. Queremos contribuir com a temática da campanha da fraternidade a fim de construir um conjunto de ações para que possamos viver melhor", salientou o religioso.

Padre Tarcísio ressaltou que é preciso reeducar a sociedade para a paz. "Educação não significa apenas escolaridade, mas promover uma nova mentalidade nas relações humanas. Precisamos de sociedade menos punitiva e mais curativa".

Espaço Cultural Quilombo do Sopapo

O diretor do Sintrajufe, Sergio Amorim dos Santos, falou sobre o Espaço Cultural Quilombo do Sopapo, também localizado na capital gaúcha, que acolhe jovens em situação de vulnerabilidade social. Neste local, crianças e adolescentes trabalham de maneira coletiva para geração de renda. Alguns jovens fizeram inclusive a cobertura audiovisual dos eventos da Jornada Contra a Violência e por Justiça Social 2009.

Economia Solidária

O trabalho da ONG Guayí foi apresentado pelo ativista Luiz Antônio Brenner Guimarães. A Guayí promove ações coletivas de economia solidária e também possui um núcleo de estudos sobre violência, segurança pública e direitos humanos.

Desde abril de 2008, a ONG desenvolve o projeto Ações de Economia Solidária no Combate à Violência. Para atingir os objetivos do projeto são organizadas atividades de formação através de oficinas. Grupos de jovens reproduzem o que aprendem nas oficinas em 16 comunidades do Bairro Cristal, na Zona Sul de Porto Alegre.

De acordo com Luiz Antônio, também são promovidos eventos que incentivam o trabalho coletivo, entre eles, uma feira cultural e cinema-debate. Outra intervenção da Guayí acontece junto aos presídios da capital, buscando a reinserção dos apenados e apenadas à sociedade, com perspectivas para o mercado de trabalho.

A Casa dos Bancários

A última experiência da mesa temática foi a do Espaço Cultural Casa dos Bancários, relatada pelo diretor do SindBancários, Mauro Salles. O dirigente sindical destacou que a entidade nasceu e aprendeu a lutar pelos direitos dos trabalhadores, mas esta luta foi além dos interesses da categoria.

"Existe a necessidade de buscar o direito à cidadania, o que passa por todas as áreas.A idéia do cinema surgiu com o objetivo propiciar aos trabalhadores o acesso a uma coisa simples, que é assistir um filme", concluiu.

Além do CineBancários, o Sindicato dos Bancários de Porto Alegre mantém uma loja estruturada apenas com produtos artesanais, feitos por associações, na maior parte de mulheres em situação de vulnerabilidade.

Fonte: Marisane Pereira – Feeb/RS