Semana de quatro dias, registro de ponto, pagamento de horas-extras e adicionais de remuneração serão alguns dos temas tratados; empregados cobram manutenção dos direitos para quem cumpre sua função em teletrabalho

A próxima reunião de negociação entre a representação das empregadas e empregados com a Caixa Econômica Federal, para a renovação do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) específico dos trabalhadores do banco será na sexta-feira (12). Em pauta estarão temas relacionados à jornada de trabalho e à manutenção dos mesmos direitos de quem trabalha presencialmente para quem cumpre sua jornada de forma remota.

 Os temas são tratados nos artigos 8º, 9º, 10, 23, 24, 33, 37, 61, 68 e 70 da pauta de reivindicações aprovada durante o 39º Congresso dos Empregados da Caixa (Conecef) e ratificada pela 26ª Conferência Nacional dos Bancários, que ocorreram, em São Paulo, entre os dias 4 a 6 e 7 a 9 de junho, respectivamente.

“São temas importantes, que sequer precisariam ser debatidos se a Caixa cumprisse o que determina a legislação específica. Um exemplo disso é quando o banco deixa de pagar horas-extras, que pediu para o empregado fazer, por não haver dotação de recursos para pagá-las. Com isso, o empregado trabalha a pedido do banco, mas não recebe pelo trabalho realizado”, explicou o diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e coordenador Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa, Rafael de Castro.

“Também queremos que os direitos estabelecidos na Convenção Coletiva de Trabalho da categoria e no ACT sejam válidos para todas as empregadas e empregados, seja o trabalho realizado presencialmente, ou de forma remota, em teletrabalho”, completou Rafael.

Jornada de quatro dias

As empregadas e empregados da Caixa, assim como toda a categoria bancária, também reivindicam a manutenção da abertura das agências de segunda a sexta-feira, mas que cada trabalhador cumpra sua jornada diária de cinco horas em apenas quatro dias por semana.

“A sobrecarga de trabalho e a baixa qualidade de vida levam ao adoecimento físico e mental, como o estresse e a estafa. Esses transtornos têm levando ao sofrimento e a mais adoecimento e isso pode culminar em tragédias irremediáveis”, disse a diretora executiva da Contraf-CUT, Eliana Brasil. “Uma semana de quatro dias possibilita a construção de uma sociedade mais saudável”, completou.

Pesquisas realizadas pela Contraf-CUT, em parceria com a Universidade de Brasília (UnB) e com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) apontam que a categoria bancária é a mais acometida por doenças mentais relacionadas ao trabalho.

Não é novidade!

E a redução de jornada para quatro dias semanais não é uma novidade reivindicada pela categoria bancária. Experiências realizadas em empresas no Brasil e fora do país mostram impactos positivos, tanto na qualidade de vida dos trabalhadores, quanto para as próprias empresas.

O primeiro país a adotar a jornada reduzida foi a Islândia, após experiência iniciada em 2015. Em 2022, o governo da Espanha iniciou projetos pilotos em empresas do setor industrial. Nos Estados Unidos e na Irlanda, após uma experiência de seis meses, implementada pela organização não governamental 4 Day Week Global, 27 empresas decidiram não voltar mais à jornada de cinco dias semanais.

Em todas as experiências citadas houve crescimento na receita das empresas, com melhoria na produtividade dos funcionários. Estes, por sua vez, ficaram mais satisfeitos, apresentaram melhorias na saúde física e mental, ficaram menos esgotados, tiveram menos insônia e fadiga.

No Brasil, a 4 Day Week Global iniciou testes com 21 empresas em janeiro de 2024. Resultados parciais mostram que 61,5% delas tiveram melhoria na execução de projetos; 58,5% na criatividade e inovação; 44,4% na capacidade de cumprir prazos; 33,3% na capacidade de angariar clientes.

“E não há que se falar em perdas para o banco. Com empregados mais satisfeitos, melhorias na saúde e na capacidade de gerar negócios, todos devem sair ganhando, inclusive o banco”, observou Rafael de Castro.

Negociações com a Caixa

As negociações para a renovação do ACT das empregadas e empregados da Caixa serão realizadas no dia seguinte ao das reuniões entre o Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) para a renovação da Convenção Coletiva de Trabalho da categoria bancária. Segue abaixo o cronograma.

Julho
12 de julho
19 de julho
26 de julho

Agosto
7 de agosto
14 de agosto
21 de agosto
28 de agosto

Veja como foi a primeira reunião de negociação com a Caixa para a renovação do ACT.

Acompanhe as notícias no site da Contraf-CUT, da Fenae, das federações e sindicatos para se manter informado sobre as negociações com a Caixa, com a Fenaban e com os demais bancos.

Fonte: Contraf-CUT

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