A Justiça do Rio de Janeiro determinou nesta quinta-feira (22) que sejam retirados do Youtube 16 vídeos que foram considerados ofensivos à moral e à honra da vereadora Marielle Franco, executada na semana passada. O Google, responsável pela plataforma de vídeo, tem 72 horas para fazer a remoção dos conteúdos, sob pena de multa de R$ 1 mil.

A ação pela retirada foi movida pela irmã e pela viúva de Marielle. Os vídeos acusam a vereadora do Psol de manter relações políticas e íntimas com pessoas ligadas ao tráfico de drogas, além de outras distorções sobre o posicionamentos de Marielle em temas como o aborto.

Na decisão liminar, a juíza Marcia Correia Hollanda diz que os divulgadores das acusações não apresentam provas concretas sobre o que declaram. “Ao contrário, foram meras suposições e opiniões, sem lastro probatório identificado e que se continuarem a ser propagadas poderão atingir de forma irrecuperável a dignidade da falecida Marielle, com repercussões danosas a seus familiares”.

MBL espalhou mentiras

Dados colhidos pelo Laboratório de Estudos sobre Imagem e Cibercultura (Labic) da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em reportagem do O Globo, mostra que o grupo de extrema-direita Movimento Brasil Livre (MBL) foi um dos principais disseminadores das chamadas “fake news” – notícias falsas com conteúdo calunioso – contra a vereadora Marielle.

No dia 16 de março, dois dias depois da execução de Marielle e do motorista Anderson Gomes, o site Ceticismo Político publica suposta notícia baseada em declarações da desembargadora Marilia Castro Neves, que afirmou que a vereadora estava “engajada com bandidos” e teria sido eleita com o apoio de uma  facção criminosa. Poucas horas depois, esse mesmo conteúdo calunioso era compartilhado pelo MBL, aumentando o alcance da mentira.

Desde que a onda de boatos surgiu, a assessoria jurídica do Psol passou a colher denúncias e lançou um site para rebater as chamadas notícias falsas. Já a desembargadora, que está sendo investigadapelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), tentou se retratar, dizendo que “exagerou” nas alegações.