Trinta instituições financeiras globais integram uma lista que agências reguladoras estão identificando para a realização de exercícios de supervisão transnacionais, conforme apurou o "Financial Times".
A lista inclui seis seguradoras – Axa, Aegon, Allianz, Aviva, Zurich e Swiss Re – que fazem companhia a 24 bancos do Reino Unido, Europa continental, América do Norte e Japão. A lista começou a ser elaborada pelos órgãos reguladores sob os auspícios do Financial Stability Board, órgão supranacional criado para monitorar a economia global, numa tentativa de evitar que crises sistêmicas se alastrem pelo mundo em qualquer crise financeira futura.
As seguradoras são consideradas sistemicamente importantes por uma série de motivos: elas podem, por exemplo, ter uma grande unidade de concessão de crédito, como a Aviva, ou uma complexa operação de engenharia financeira, semelhante à da Swiss Re.
A AIG dos EUA, a seguradora falida, comprovou ser um enorme risco sistêmico no ano passado, em grande parte devido à sua diversificação de seguradora para uma complexa divisão de engenharia financeira.
Raj Singh, principal executivo para riscos na Swiss Re, disse: "A interconexão real para o setor de seguros é mais atenuada, no sentido de que é preciso haver dois gatilhos para que ocorram grandes efeitos sistêmicos de algum tipo".
A lista, que não é pública, contém vários nomes de bancos multinacionais que seriam amplamente esperados: Goldman Sachs, J.P. Morgan Chase, Morgan Stanley, Bank of America Merrill Lynch e Citigroup, dos EUA; Royal Bank of Canada; os grupos do Reino Unido HSBC, Barclays, Royal Bank of Scotland e Standard Chartered; UBS e Credit Suisse, da Suíça; Société Générale e BNP Paribas, da França; Santander e BBVA, da Espanha; Mizuho, Sumitomo Mitsui, Nomura e Mitsubishi UFJ, do Japão; UniCredit e Banca Intesa, da Itália; Deutsche Bank, da Alemanha, e o grupo holandês ING.
O exercício segue a criação do FSB no verão setentrional e está destinado a tratar principalmente do tema das instituições financeiras transnacionais sistemicamente importantes por meio do estabelecimento de faculdades de supervisão. Essas instituições de ensino superior incluirão órgãos reguladores dos principais países de atuação de um banco ou seguradora, e terão a missão de melhor coordenar a supervisão dos grupos financeiros transnacionais.
Como um subproduto desse processo, os grupos constantes na lista também serão solicitados a iniciar a elaboração dos chamados testamentos em vida – documentos que descrevem como cada banco poderia ter suas operações encerradas no caso de uma crise procurando atenuar seu impacto sobre o sistema financeiro.
Os reguladores estão ansiosos para ter testamentos em vida preparados para todos os grupos financeiros sistemicamente importantes, mas o conceito dividiu o mundo bancário, onde os grupos mais complexos argumentam que será quase impossível redigir esses documentos sem conhecer a causa de qualquer crise futura.
Paul Tucker, vice-presidente do Bank of England e responsável pelo grupo de trabalho do FSB sobre gestão de crises transnacionais, disse recentemente que os testamentos – também conhecidos como planos de "recuperação e resolução" – teriam de ser elaborados nos próximos seis a nove meses.
Sabe-se que os órgãos reguladores nacionais, liderados pelo Reino Unido, teriam começado a realizar testes-piloto desse exercícios de testamento em vida com alguns dos bancos relacionados na lista nas semanas passadas.
Fonte: Financial Times / Patrick Jenkins e Paul J Davies, de Londres