Dando continuidade às ações alusivas ao Mês da Mulher, o Sindicato dos Bancários da Paraíba realizou na noite desta quarta-feira (10) a live “Por que as mulheres são mais afetadas pela pandemia?”, que foi mediada pela bancária Adriana Maletta e contou com a participação de Erika Kokay, deputada federal (PT/DF); Rita Serrano, Conselheira de Administração Representante dos Empregados da Caixa Econômica Federal e coordenadora do Comitê em Defesa das Empresas Públicas; Estela Bezerra, deputada estadual (PSB/PB); Cida Ramos, deputada estadual (PSB/PB); Cícera Izabel, secretária de mulheres da CUT Paraíba; bancárias e bancários, além de diretores do Sindicato e do presidente Lindonjhonson Almeida.

A conselheira Rita Serrano, primeira convidada a falar na live, foi logo disparando: “Na realidade, a situação das mulheres sempre foi muito pior do que a dos homens. A pandemia apenas trouxe à tona um retrato nu e cru da desigualdade em todos os sentidos da palavra, mostrando de forma muito evidente a diferença social, de gênero e de raça que nós vivemos no mundo. Afinal, quem está morrendo na pandemia, se o vírus é democrático e pega qualquer um? Realmente, qualquer um pode adoecer, mas quem não tem assistência adequada à saúde são os mais pobres. E o vírus pode até ser democrático, mas a realidade social não é. Então, são os mais pobres, os negros e as mulheres negras que são os mais afetados, tanto pelo contágio quanto pelas mortes. E, como essas pessoas não têm nem direito ao teletrabalho, foram as mais atingidas pela pandemia, principalmente as mulheres“, enfatizou

Para a deputada Erika Kokay, a vida das mulheres na pandemia é alvo de ataques constantes em meio a um governo xenófobo, machista e preconceituoso. “As mulheres estão na linha de frente, são as maiores vítimas do desemprego, da redução de renda e de todos os impactos da pandemia. Se nós, mulheres, somos as que mais estamos sofrendo, tenho a convicção de que serão as mulheres que irão transformar a sociedade. As mulheres estão na linha de frente dessa pandemia. A faixa presidencial está no lugar errado. Os principais cargos do país estão ocupados por pessoas preconceituosas, machistas e esse cenário pode ser mudado com a luta das mulheres”, disse.

A deputada Estela Bezerra, dentre outros assuntos, falou de sua experiência à frente de algumas secretarias do governo estadual e ressaltou a postura feminina nas plenárias do orçamento participativo, onde “diferente dos homens, as mulheres sempre propunham soluções para problemas de interesse coletivo, que atendessem ao bem-estar de todos os segmentos das comunidades e não apenas aos interesses individuais ou setorizados”, exemplificou.

De acordo com a deputada Cida Ramos, a pandemia transformou a vida das mulheres em um cenário de pesadelo já que “o agressor passa mais tempo com a mulher, que está sendo mais afetada, e a pandemia para ela pesa mais do que para qualquer outra pessoa”, destacou. Para ela, o país está sem condução da crise sanitária, econômica e social, uma vez que além das mortes geradas pela pandemia e a falta de compromisso do presidente da República com a aquisição de insumos e vacinas, a nação vive tempos de colapso não só na saúde, mas com a falta de políticas públicas; “as mães, principalmente de filhos com necessidades especiais, não têm nenhum apoio e não contam com nenhuma política pública que dê assistência para lidar com a pandemia”, explicou.

Cícera Isabel chamou a atenção para a situação de violência sofrida pelas mulheres, que se desdobram para tentar alimentar e crias seus filhos durante a pandemia. “A mulher não tem encontrado possibilidades para sair de um cenário de agressão dentro do próprio lar, que se intensificou com a pandemia e com a falta de políticas públicas, necessitando urgentemente do retorno do auxílio emergencial para amenizar a falta de comida que está assolando os lares pelo país. Uma jornada estúpida que as mulheres trabalhadoras estão enfrentando com trabalho remoto, tarefas domésticas, a criação dos filhos e a pressão que tem agravado o adoecimento físico e mental das mulheres. Só por meio do retorno de políticas públicas é que os agravos causados pela pandemia poderão ser minimizados”, defendeu.

Em síntese, todas as participantes da live explicitaram que as mudanças favoráveis às mulheres só irão acontecer quando o machismo for substituído pelo reconhecimento do papel da mulher na sociedade e nos livrarmos desse governo fascista, homofóbico, xenófobo, genocida e machista.

O dia 8 de Março lembra, especialmente, dois episódios da história da luta das mulheres por igualdade. A primeira grande mobilização que aconteceu no dia 19 de março de 1911 e se originou de uma proposta feita, um ano antes, pela feminista alemã, professora e jornalista, Clara Zetkin. Ela sugeriu a criação de uma data mundial anual, que desse visibilidade às mulheres trabalhadoras nas fábricas. A segunda, foi o incêndio com morte de 125 mulheres, que aconteceu na fábrica Triangle Shirtwaist Company, em Nova YorK, em 25 de março de 1911. Daí por diante, as jornadas de luta se ampliaram, foram intensificadas e ganharam mais visibilidade com as conquista das mulheres, fruto de muita resistência às injustiças e preconceitos.