Participantes destacaram que a união dos empregados é fundamental para manter e conquistar direitos – O ano de 2021 começou com algumas pendências da direção da Caixa com os empregados, como o Saúde Caixa, promoção por mérito, contratação de mais trabalhadores e outros assuntos que ainda não avançaram. Na live de quarta-feira (6), representantes da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT) e da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae) debateram essas questões.
Participaram do debate a coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados da Caixa (CEE/Caixa) e secretária da Cultura da Contraf-CUT, Fabiana Uehara Proscholdt; a diretora de Políticas Sociais da Fenae e membro da CEE/Caixa, Rachel Weber; o presidente da Apcef/SP, membro da CEE/Caixa e diretor da Fetec/SP, Leonardo Quadros; o coordenador do Grupo de trabalho de promoção por mérito, representante dos empregados, secretário de Políticas Sindicais e Movimentos Sociais do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, João Paulo Pierozan; e a coordenadora da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) do Ceará, Elvira Madeira.
A intransigência da Caixa ameaça a promoção por mérito dos empregados, que está garantida no Acordo Coletivo 2020/2022. A direção do banco quer impor a implementação da Gestão de Desempenho de Pessoas (GDP) como único critério para avaliação.
Fabiana Uehara Proscholdt afirma que a CCE/Caixa não vai aceitar a GDP pura como forma de mensurar o mérito dos empregados. “Já denunciamos a GDP em Mesa de Negociação como uma ferramenta que serve mais para assediar os colegas do que, efetivamente, desenvolver as pessoas”, avaliou.
O coordenador do Grupo de trabalho de Promoção por Mérito, João Paulo Pierozan, fez um resumo sobre as tentativas de negociação com a Caixa. Depois de diversos adiamentos e cancelamentos por parte da direção do banco, a primeira reunião do GT da Promoção por Mérito só aconteceu no dia 16 de dezembro.
Os representantes dos empregados propuseram a distribuição linear de um delta para todos os empregados elegíveis (não enquadrados nos impedimentos previstos pelo RH 176), por considerarem o ano de 2020 completamente atípico em função da pandemia e do pagamento do Auxílio Emergencial. “O corpo funcional da Caixa deu uma resposta espetacular às demandas que foram dadas. Deveria ser um ano de reconhecimento ao trabalho dos empregados, e não de avaliação”, ressaltou o coordenador do GT.
A Caixa não aceitou e indicou que os representantes dos trabalhadores apresentassem uma proposta alternativa para ser discutida. No dia 22 de dezembro o GT apresentou a contraproposta, que previa os seguintes critérios para avaliação:
- 20 pontos para a frequência medida pelo Sistema de Ponto Eletrônico (Sipon)
- Curso da Universidade Corporativa Caixa que é cobrado no “eixo estilo” da GDP, valendo 20 pontos (podendo ser realizado até 28/02/2021);
- Pontuação extra: 5 pontos para quem tiver o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) válido em 31/12/2020;
- Pontuação extra: Ações de autodesenvolvimento, com 2 pontos por curso registrado no currículo; (A pontuação extra teria limite de 10 pontos);
- Avaliação de competências da GDP, valendo 20 pontos.
Nesta sistemática, o empregado que alcançasse 40 pontos teria um delta automaticamente. O segundo delta seria distribuído às maiores notas da unidade, como aconteceu nos anos anteriores. A Caixa recusou a nova proposta e manteve a posição inicial de somente utilizar os parâmetros da GDP, que os representantes dos empregados já haviam negado.
No dia 30 de dezembro houve outra reunião onde os representantes reafirmaram a proposta e estas seriam levadas às instâncias de discussão na Caixa. O GT ainda não obteve resposta da direção.
A integrante do GT e coordenadora da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) do Ceará, Elvira Madeira, ressalta que a premissa básica da Comissão é ser paritária. Portanto deve existir uma discussão bilateral e a Caixa deve construir junto com os empregados as regras da promoção por mérito. “O que levamos para a Mesa de Negociação foi a atipicidade do ano de 2020. Não dá para mensurar esses trabalhadores em um ano em que o maior dos esforços foi sobreviver e garantir a sobrevivência de milhões de brasileiros”, disse.
Elvira destaca que os representantes querem negociar, mas a direção da Caixa tem sido intransigente. “Nós queremos discutir, sim, mas não vamos aceitar somente a GDP como critério de avaliação porque ela não foi construída em conjunto. Se estamos em uma comissão paritária que negocia a promoção por mérito, devemos ter o direito de debater sobre a questão”.
Saúde Caixa
O impasse sobre a inclusão dos novos empregados no Saúde Caixa continua. A Caixa ainda não cumpriu o acordo negociado na Campanha Nacional. Leonardo Quadros lembrou que o Acordo Coletivo 2020/2022, assinado pela Caixa, garante a inclusão dos novos admitidos a partir de setembro de 2018 no Saúde Caixa.
Fabiana Proscholdt explica que as entidades estão empenhadas e têm cobrado a Caixa para cumprir o acordo. A direção do banco justifica que a inclusão ainda não foi autorizada pela Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Sest) devido à CGPAR 23 (Resolução que ameaça a sustentabilidade do plano).
“O que negociamos na Campanha Nacional é que já no início de 2021 todos os empregados já estariam no Saúde Caixa. A Caixa tem justificado que o problema está na Sest. O que afirmamos é: se houve negociação e isto já foi item da Campanha Nacional, tem que ser cumprido. A pandemia não acabou e os nossos colegas estão adoecendo. O Saúde Caixa é para todos”, disse. “Cobramos, inclusive, da Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) que a Caixa execute o que foi negociado. Priorizamos as negociações, mas não descartamos uma possível denúncia ao Ministério Público ou uma ação de execução de cumprimento”.
Mais contratações
Rachel Weber salientou que a pandemia deixou clara a necessidade de mais contratações para a Caixa. O banco está com déficit de quase 20 mil empregados. “Todos os empregados da Caixa cumpriram muito bem o trabalho do pagamento do Auxílio Emergencial, mas falta empregados e condições de trabalho para atender adequadamente toda a população que precisa da Caixa, que precisa de atendimento presencial devido ao papel social que a Caixa desempenha”. Ela explica que a “sobrecarga desumana” de trabalho prejudica a própria Caixa, pois os empregados adoecem e as metas ficam impossíveis.
Mobilização para manter e conquistar direitos
Os participantes destacaram que a união dos trabalhadores é fundamental para manter os direitos. “Devemos apostar na mobilização e na união dos empregados. Porque a Caixa joga no oposto, joga na divisão para nos desmobilizar. A gente tem visto várias atitudes do banco que acabam jogando um grupo de empregados contra outros”, disse Leonardo Quadros. Fabiana Proscholdt reforçou – “Participem das mobilizações, repassem as informações aos colegas. Só vamos avançar se estivermos juntos. Para manter e conquistar direitos a coletividade é fundamental”.
Fonte: Fenae