Trata-se do livro de não ficção mais vendido no país há algumas semanas, fato que até a revista Veja não pode esconder. Em 344 páginas, Amaury conta com detalhes e comprova com documentos os indícios de um esquema bilionário de fraudes no processo de privatização de estatais, na década de 1990, durante o governo FHC. José Serra era o ministro do Planejamento, gestor do processo.
Segundo reportagem da revista CartaCapital, o livro publicado pela Geração Editorial apresenta documentos inéditos de lavagem de dinheiro e pagamento de propina, todos recolhidos em fontes públicas, entre elas os arquivos da CPI do Banestado.
Serra é o personagem central dessa história. Amigos e parentes do ex-governador paulista operaram um complexo sistema de maracutaias financeiras que prosperou no auge do processo de privatização.
O autor elenca uma série de personagens envolvidas com a "privataria" dos anos 1990, todos ligados a Serra, aí incluídos a filha Verônica Serra, o genro Alexandre Bourgeois, e um sócio e marido de uma prima, Gregório Marín Preciado. Mas quem brilha mesmo é o ex-diretor da área internacional do Banco do Brasil, o economista Ricardo Sérgio de Oliveira.
Ex-tesoureiro de Serra e FHC, Oliveira, ou Mister Big, é o cérebro por trás da complexa engenharia de contas, doleiros e offshores criadas em paraísos fiscais para esconder os recursos desviados da privatização.
A obra traz, por exemplo, documentos nunca antes revelados que provam depósitos de uma empresa de Carlos Jereissati, participante do consórcio que arrematou a Tele Norte Leste, antiga Telemar, hoje OI, na conta de uma companhia de Oliveira nas Ilhas Virgens Britânicas. Também revela que Preciado movimentou 2,5 bilhões de dólares por meio de outra conta do mesmo Oliveira.
Segundo o livro, o ex-tesoureiro de Serra tirou ou internou no Brasil, em seu nome, cerca de 20 milhões de dólares em três anos.
A Decidir.com, sociedade de Verônica Serra e Verônica Dantas, irmã do banqueiro Daniel Dantas, também se valeu do esquema. Outra revelação: a filha do ex-governador acabou indiciada pela Polícia Federal por causa da quebra de sigilo de 60 milhões de brasileiros.
CPI
O deputado federal Protógens Queiroz (PCdoB-SP) já protocolou, em dezembro do ano passado, um requerimento junto ao presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), pedindo a instalação de uma Comissão Parlametar de Inquérito (CPI) para investigar a privataria tucana.
Maia prometeu analisar as assinaturas dos deputados após o final do recesso parlamentar, no incío de fevereiro.
Fonte: Contraf-CUT com CartaCapital