Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula disse nesta sexta-feira que quer falar com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, sobre o restabelecimento do crédito internacional. Os dois irão se reunir no sábado, em Washington.
Em entrevista após a cerimônia de assinatura de atos para aumentar a segurança dos torcedores nos estádios, no Palácio do Planalto, Lula se disse otimista de que os Estados Unidos sairão logo da crise, assim como está otimista com a reunião do G-20 (grupo formado por grandes economias desenvolvidas e emergentes) em abril. Mas, avisou: "essa crise tem de acabar este ano, portanto, tem coisa que precisa se fazer urgentemente".
Lula voltou a pedir a retomada da Rodada Doha de comércio multilateral da Organização Mundial do Comércio (OMC) e a criticar o protecionismo dos países ricos, lembrando que o "protecionismo pode ajudar momentaneamente, mas, a médio prazo, é um desastre". E acrescentou: "O Brasil é contra a volta do protecionismo e não é possível que, no primeiro calo que comece a doer, os países ricos achem que têm de trazer de volta o protecionismo".
O presidente pregou ainda que "é preciso que os países ricos tomem conta de seus bancos". Para Lula, só com a regulação forte dos bancos haverá garantias de que o setor financeiro estará vinculado ao setor produtivo.
Na quinta-feira, em Porto Velho, Lula disse que defenderá que a prioridade para resolver a crise não é colocar dinheiro em bancos, mas "assumir a normalização do crédito internacional". Segundo o presidente, para que o crédito internacional seja normalizado "alguns países vão ter de assumir a criação de bancos públicos".
Hoje, em Brasília, Lula avisou: "não é hora de tagarelar. É hora de fazer. Não é hora mais de decisão técnica. É hora de decisão política. Ou nós assumimos as responsabilidades por esta crise e damos uma saída, ou vamos ficar como o Japão, que levou 10 anos na década de 1990 para sair da crise. Não podemos esperar 10 anos".
O presidente lembrou que a crise financeira começou nos Estados Unidos e mexeu com grande parte dos países do mundo e que, "se esses países de economia rica não estiverem bem, o resto do mundo também não estará bem". "Precisamos torcer muito para que os Estados Unidos voltem ao normal", completou.
Fonte: Agência Estado