Nunca antes na história deste país (e do mundo) um presidente em final de mandato obteve, em uma pesquisa de opinião pública, aprovação popular igual à obtida por Lula.
Não se trata de incensar o presidente Lula. Trata-se de entender os números da aprovação. A pesquisa CNT/Sensus procurou saber também a avaliação popular sobre o governo Lula e constatou que 83,4% consideram positivo seu desempenho, 13,7% "regular" e 2,2% a entendem como negativa.
Comparativamente ao governo FHC, que terminou com a aprovação de 24,3% dos eleitores, a aprovação do atual governo é 59,1 pontos percentuais mais elevada do que a do governo que o antecedeu. Não se trata, portanto, de mera simpatia pessoal ou do "carisma" de Lula contra a falta de "carisma" de FHC.
Os eleitores avaliaram também o que o Instituto Sensus denomina de Índice Cidadão, formado pela ponderação da opinião popular sobre o emprego, a renda mensal, a saúde, a educação e a segurança pública. Comparativamente à pesquisa de maio, a de dezembro revelou o aumento na avaliação positiva do fator emprego, que subiu de 57,8% para 63,7%, da renda mensal, de 38,3% para 39,6% e da segurança pública, de 26,3% para 38,1%. No mesmo período, piorou a avaliação da saúde, de 31,8% para 30,3%, e da educação, de 48% para 43,3%.
Ainda que algumas variações estejam na margem de erro de 2,2% admitida na pesquisa, os números revelam que a opinião popular se mantém crítica, sabendo pesar avanços, estagnações e recuos. O que não impede, entretanto, que a imensa maioria dos eleitores aprove a atual gestão.
A chave para o entendimento da altíssima aprovação do atual governo está revelada na própria pesquisa CNT/Sensus. Inquiridos sobre a avaliação do desenvolvimento econômico e sobre o desenvolvimento social, os eleitores manifestaram-se positivamente para ambos os aspectos: 63,9% entendem que o Brasil se desenvolveu muito do ponto de vista econômico durante o governo Lula, contra apenas 3,7% que acham que não ouve avanço; e 57,8% opinam que o Brasil se desenvolveu muito do ponto de vista social, contra apenas 2,6% que respondem que este avanço não ocorreu.
Como se poderia esperar diante dos números anteriores, o otimismo com o futuro governo Dilma Rousseff é também elevado. Se, de um lado, isto lhe dará fôlego para as primeiras ações, de outro, poderá vir a se constituir em fator de pressão, caso os resultados de suas primeiras ações demorarem a aparecer.
Há concordância de 65% dos eleitores com a afirmação de que "o Governo Dilma será a continuidade do governo Lula", enquanto 43,7% e 43% esperam "que o Brasil se desenvolva muito" do ponto de vista econômico e do ponto de vista social nos próximos quatro anos do governo Dilma.
Há, sem dúvida, muito ainda a fazer, mas há que se reconhecer que o que foi feito nos oitos anos de governo de Luis Inácio Lula da Silva é muito mais do que o que foi feito pela maioria dos governos que o antecederam.
Fonte: Sul 21