Por quase uma hora, Lula resgatou um pouco dessa história, ressaltou a importância da eleição da primeira mulher à frente da entidade, comentou as mudanças que ocorreram nos últimos oito anos no país e falou dos planos que tem pela frente, pós-governo.
"O Sindicato dos Bancários de São Paulo, assim como o dos Metalúrgicos do ABC, tem uma importância enorme na história desse país", disse Lula. Teve um papel fundamental nos últimos 40 anos de sindicalismo no Brasil e foi decisivo para a chegada de um operário à Presidência da República, acrescentou. "Vocês bancários foram parte importante nessa história."
Lula ressaltou ainda a vanguarda do Sindicato ao eleger, pela primeira vez, uma mulher para a presidência da entidade. "E com uma votação extraordinária. Merecedora de respeito inclusive por parte dos adversários", acrescentou, referindo-se aos 83,49% de votos na Chapa 1. "Em muitas mesas de negociação só vai ter você de mulher", disse ele a Juvandia, cuja vitória, segundo Lula, desmente o preconceito de que sindicalismo é coisa de homem.
Bancos públicos
A presidenta Juvandia Moreira citou, logo no início do encontro, a política de fortalecimento dos bancos públicos pelo governo Lula, em substituição aos anos de privatizações e sucateamentos da era FHC. "Enquanto o Banespa caiu nas mãos do Santander, e até hoje os bancários sofrem com isso, com demissões, no seu governo o Banco do Brasil incorporou a Nossa Caixa, e os bancários agradecem muito por isso", ressaltou.
Lula citou o Minha Casa, Minha Vida que ampliou a capacidade de financiamento da Caixa Econômica Federal de R$ 25 bilhões para R$ 175 bilhões. E o crescimento do montante disponível para crédito no país. "Em 2003 o Brasil tinha R$ 384 bilhões disponíveis para crédito. Hoje isso é o que o BB tem sozinho. O país tem R$ 1,776 trilhão."
Oito anos
O ex-presidente falou de algumas das principais mudanças ocorridas no país em seus oito anos de governo (2003/2006 e 2007/2010). Lembrou que o Brasil passou de devedor a credor do FMI e investiu em infraestrutura, executando obras públicas como nunca antes com a criação do PAC.
Ele citou os 47 milhões de hectares de terra desapropriados para a reforma agrária. "Nem a Rússia fez isso em tão pouco tempo após 1917". E destacou os investimentos substanciais em educação. "Com o ProUni, mais de 850 mil jovens entraram nas universidades. E o orçamento da Educação passou de R$ 17 bi para R$ 70 bi". Ainda assim, disse Lula, "o grande legado do meu governo foi o exercício da democracia. Não teve movimento social que não tenha sido recebido no Palácio do Planalto".
Planos
"Não pretendo me preocupar com o Brasil porque o Brasil tem governo", salientou Lula, referindo-se ao governo da presidenta Dilma Rousseff. "Ela ajudou a construir tudo e conhece todas as trilhas, picadas e caminhos para levar isso adiante", afirmou.
Fora do Planalto, o ex-presidente pretende se dedicar ao trabalho de unificação da América Latina e de colaboração aos países da África. "O Brasil é um país doador e não tomador. Não podemos nos preocupar com balança comercial ao estabelecer negócios com países africanos. Esses países precisam produzir para que possamos importar", defendeu.
Lula pretende ainda organizar a criação de um Memorial à Democracia Brasileira. "Um espaço interativo onde o jovem possa entrar e assistir a uma assembleia em porta de fábrica, um comício pelas Diretas…, e saia com a ideia do que foi a história da democracia nesse país", explicou.
Além disso, tem em mente dois documentários, um sobre "o novo tipo de gente" que entrou no Palácio do Planalto nos últimos oito anos – "não só presidentes, príncipes e rainhas, como era antes" – e outro sobre o fortalecimento da democracia, com a realização das 73 conferências nacionais sobre os mais diversos temas de interesse da sociedade.
E mais, um livro, mas não para contar sua história na Presidência da República, mas no qual 50 a 70 setores da sociedade brasileira possam apontar as mudanças mais significativas para o país desde 2003.
Pelo jeito, as novas obras do presidente Lula prometem.
Fonte: Seeb São Paulo