seecpe_logo.jpg

seecpe_logo.jpgDia 29 de novembro completam-se 21 anos que o Sindicato foi retomado das mãos dos prepostos da ditadura, encastelados após a intervenção de abril de 1964. O golpe militar depôs o presidente, após nove meses de gestão: Darcy Leite, funcionário do BNB, não chegou a ser preso, mas amargou clandestinidade e, só teve seus direitos políticos e de cidadão restituídos após a anistia, em 1979. Outros, como Gilberto Azevedo, do Banco do Brasil, que antes estiveram na frente de batalha, foram presos, torturados, exilados. Darcy tentaria retornar, em 1985, como candidato do MOB – Movimento de Oposição Bancária, mas foi derrotado em eleição sob domínio da fraude e da truculência. Ambos, mesmo aposentados, estiveram presentes na vida do Sindicato, enquanto a saúde lhes permitiu – inclusive como titulares da Secretaria de Aposentados. Estas e outras memórias não podemos esquecer.

Em 1988, a chapa do movimento logrou êxito e reassumiu a entidade, com Marcos Pereira, funcionário do então Bandepe, na presidência. No ano seguinte, por decisão da base, o Sindicato dos Bancários se filiaria à CUT – Central Única dos Trabalhadores. Sucederam-se, a partir de então, seis gestões sob a marca que se solidificou como Bancários da CUT. Pela ordem: Roberto Leandro, da Caixa – 1991/1994; Jorge Perez, do Banco do Brasil – 1994/1997; Marlos Guedes, também do BB – 1997/2000; Miguel Correia, da Caixa – 2000/2003; Miguel Correia, que se afastou para concorrer a uma vaga na Câmara Municipal do Recife – 2003/2004; teve seu mandato completado por Marlos Guedes, até 2006; Marlos Guedes – 2006/2009.

Aos 78 de existência e quase 20 anos de CUT, o Sindicato dos Bancários de Pernambuco assiste, pela primeira vez, a uma disputa com três chapas oriundas da própria direção. Diferenças de concepção e de ação políticas estão na gênese da fissura, independentemente de como as divergências tenham se traduzido na campanha eleitoral. Não obstante, os resultados do primeiro e segundo turnos apontam para uma percepção positiva da base sobre o trabalho coletivo da gestão, que esta edição do Jornal dos Bancários resgata em suas principais ações (págs. 06 a 13). Como sempre fez, aliás, a cada sucessão.

Fato é que as duas chapas são identificadas como situação. Tanto que chegaram ao fim do segundo turno, praticamente, em empate técnico. A diferença a favor da Chapa 3, encabeçada pela secretária-Geral, Jaqueline Mello, sobre a Chapa 1, liderada pelo atual presidente, Marlos Guedes, foi de dois votos, o que revela vitalidade política e identidade do Sindicato com sua base. A Chapa 1 pediu a recontagem, o que adiou a proclamação do resultado pela Comissão Eleitoral.

A unidade dos Bancários da CUT, a bem da memória, embora tenha prevalecido a maior parte do tempo, sofreu outros abalos nestas duas décadas. Em 1993, por exemplo, o grupo ligado a Marcos Pereira passou a fazer oposição cerrada a Roberto Leandro, embora integrasse a gestão. Esgotada a possibilidade de diálogo, já em 1994, chamou-se uma assembleia à qual compareceram cerca de mil bancários, e votou-se pela destituição do opositor. Em 2000, as divergências internas acumuladas ao longo dos três anos de gestão, se corporificaram na disputa de duas chapas, com membros da tendência CSD – CUT Socialista e Democrática da direção se aliando à Feeb-Contec – grupo que perdera a entidade em 1988. Enfrentaram a chapa Ação Positiva e Coerente, então liderada por Miguel Correia. Agora a CSD integra a Chapa 3, que prega mudanças no Sindicato do qual é parte considerável da Executiva. Coisas da democracia.

De rachas e recomposições se faz o movimento. De tolerância também. Exemplo disso é a atitude da gestão atual para com o comportamento da UCS – União Coletivo Sindical. Liderada por Miguel Anacleto, secretário de Bancos Federais, formou-se e alimentou-se na estrutura organizativa da entidade, desde meados da gestão anterior. Compôs para formar a diretoria em curso, mas agiu todo o tempo como oposição. Perdeu a eleição tentando denegrir a imagem do Sindicato. Mas obteve votos suficientes para interferir na definição do processo no segundo turno, embora alardeie neutralidade.

Coisas do processo político, que se faz de ideologias, projetos, palavras e ações, mas também de interesses. Cumprimos a obrigação de informar. As chapas concorrentes exerceram seu papel, cada qual a seu modo. O eleitor faz a sua parte: observa, pondera e escolhe.

Qualquer que seja o desfecho, o resultado mostra que, nas palavras do procurador Morse Lyra, do Ministério Público do Trabalho , "o Sindicato dos Bancários pulsa". E certamente a entidade e a categoria sairão fortalecidos do episódio – como de resto sempre aconteceu com os Bancários de Pernambuco.

Artigo de Emerenciana Rêgo, secretária de Comunicação do SEEC-PE e empregada da Caixa.

Fonte: SEEC – PE

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *