Os negócios do HSBC no Brasil e no mundo parecem caminhar em sentidos opostos. Embora os resultados de ambas as operações em 2010 tenham vindo positivos, de maneira geral, as projeções para os próximos anos indicam tendências distintas.

Enquanto a maior instituição financeira da Europa reduziu a projeção de retorno sobre o patrimônio (ROE), inicialmente prevista de 15% a 19%, para algo entre 12% e 15% no longo prazo, em virtude da maior exigência de capital estabelecida pelas novas regras de Basileia 3, no Brasil, onde a exigência já é mais rigorosa, o objetivo do HSBC é aumentar a rentabilidade do atual patamar de 14,7% para 18% até o fim de 2013. As operações globais apresentaram um retorno de 9,5%, em 2010.

No Brasil, houve uma melhora expressiva no retorno sobre o patrimônio do fim de 2009 para cá, quando o indicador estava em 11,3%. Mas o desempenho ainda está longe da média dos grandes bancos de varejo, que gira em torno de 23%. "Eles [os concorrentes nacionais] têm maior escala e, além disso, nós precisamos ‘carregar’ no colchão de liquidez, por conta das regras da matriz", explica Conrado Engel, presidente do HSBC Brasil.

Nos próximos três anos, Engel pretende também melhorar a eficiência operacional do banco no país. A ideia é reduzir o índice de eficiência de 66,9%, com o qual encerrou 2010, para um intervalo de 55% a 57% até o fim de 2013 – como o indicador mede o percentual das receitas que é consumido pelas despesas, quanto menor, melhor. A meta deverá ser atingida, segundo Engel, via crescimento das receitas. "É por isso que estamos investindo forte na força de vendas e tentando melhorar a penetração dos produtos na base de clientes", diz o executivo.

Faz parte dos planos do HSBC contratar 900 pessoas este ano, 200 delas para atuar no segmento de pequenas e médias empresas. Essa equipe já havia sido reforçada em 2010 com a admissão de 400 funcionários. O segmento de pequenas e médias empresas é o que mais tem impulsionado a carteira de crédito do HSBC no Brasil. Os financiamentos para esse nicho cresceram 48% em 2010 na comparação com 2009, para R$ 15,169 bilhões.

A expectativa do HSBC Brasil para 2011 é que as concessões para pequenas e médias empresas tenham expansão entre 20% e 22%. A projeção de desempenho para a carteira total é de uma evolução entre 15% e 18%.

Se no Brasil o HSBC investe para tentar ganhar mercado, para os negócios no resto do mundo a ordem é cortar gastos. O novo executivo-chefe do HSBC Holdings, Stuart Gulliver, quer reduzir a proporção de despesas em relação às receitas para 52% em dois ou três anos, após uma "inaceitável" elevação para 55,2%, em 2010. Os custos subiram na Europa, mas ainda há pressão para pagar bem banqueiros de investimento na América Latina e Ásia, mercados de grande crescimento.

O HSBC Brasil encerrou 2010 com lucro líquido de R$ 1,08 bilhão, 61% superior aos R$ 670 milhões apurados em 2009. Contribuiu para o resultado a combinação de crescimento de 20% da carteira de crédito, que totalizou R$ 49,6 bilhões, com a redução de 26% nas provisões para devedores, que somaram R$ 2,2 bilhões. No âmbito global, o HSBC encerrou 2010 com lucro de US$ 14,191 bilhões, mais que o dobro dos US$ 6,694 bilhões do exercício anterior.

A participação da filial brasileira no lucro bruto do banco, de 5,6%, só perde para os resultados das operações de Hong Kong e da matriz no Reino Unido. Em 2009, quando a fatia no lucro bruto era de 3,8%, o Brasil ocupava a quinta posição no ranking do banco.

A estratégia do HSBC para crescer no Brasil está ancorada na oferta de financiamentos a clientes corporativos. O banco tem se posicionado como uma alternativa "global" para atender a demandas voltadas, principalmente, para o mercado externo. O banco respondeu, por exemplo, por 8,7% do fluxo financeiro entre Brasil e China em 2010.

Entre as pessoas físicas, o crescimento no crédito foi tímido, de apenas 5% em relação a 2010 (para R$ 21 bilhões), e tende a permanecer nesse mesmo patamar em 2011. Engel reafirmou que, no varejo, o objetivo do HSBC é privilegiar o cliente de alta renda, chamado ‘Premier’. A linha de financiamento imobiliário é, nesse sentido, a de maior destaque – encerrou 2010 com crescimento de 48%, para R$ 2,261 bilhões (mas 30% desse volume se refere a pessoas jurídicas). A parceria firmada com a Brasil Brokers em outubro deverá render, pelas projeções de Engel, entre R$ 4 bilhões e R$ 4,5 bilhões em concessões de financiamentos imobiliários nos próximos três anos.

 
Fonte:  Valor Econômico / Aline Lima

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