Apesar das luzes e enfeites que embelezam os caminhos de quem segue em direção ao Centro Empresarial Itaú Conceição (Ceic), em São Paulo, não vai ser um Natal feliz para milhares de famílias dos demitidos do Itaú Unibanco em todo o país. Para protestar contra os desligamentos e substituição de trabalhadores com maior tempo de casa por outros menos custosos aos cofres do banco, os bancários realizaram protesto no local nesta terça-feira 20.
"Todos estão recebendo um cartão para que escrevam para o Moreira Salles e o Setubal. Entregaremos as mensagens para eles", avisou Daniel Reis, funcionário do banco e diretor executivo do Sindicato dos Bancários de São Paulo.
"Queremos um banco forte e saudável para o próximo ano, mas desejamos também que os funcionários não adoeçam devido às metas abusivas, que tenham boas condições de trabalho, que cumpram seis horas de expediente sem precisar ficar fazendo horas extras e sacrificando a convivência com a família e que tenham seus empregos preservados", enumerou.
Segundo o dirigente sindical, entre segunda 19 e terça 20 diversas pessoas foram desligadas, a maioria com perfil de mais de 20 anos de banco. "São demissões injustificáveis e iremos realizar novas manifestações, protestando contra essa atitude absurda do banco diante de um ano com lucros recordes."
Coral e teatro
O ato no Ceic começou com a apresentação da peça Presepada do Itaú, que narrou o Natal sob o ponto de vista do Itaú Unibanco. A montagem teve como personagens os reis Bem-Pior, Bota-Azar e Gas-Para-Chorar que rogavam pragas e azares sobre o recém-nascido.
Havia ainda a participação de papais-noéis vestidos de azul e laranja, que retumbavam: "Felizes demissões! Quem ficar terá que o aumento de metas alcançar".
Na sequência foi apresentado um improvisado coro natalino – surpreendido com a cantata de última hora, a exemplo dos trabalhadores demitidos sem aviso – que cantava "Papai-Cruel", reclamando das demissões, em especial, nessa época do ano. A montagem foi assistida por bancários e curiosos que passavam pelo local.
"O banco comete um verdadeiro extermínio ao demitir milhares de pessoas. Nós cobramos uma postura de realocação e de valorização aos bancários com mais tempo de casa", discursou Ana Tércia, funcionária do Itaú Unibanco e diretora executiva do Sindicato.
De acordo com a dirigente, é muito fácil para o banco propagar, através da mídia, seu prêmio de sustentabilidade e internamente adotar uma política de fechamento de postos de trabalho, rotatividade e terceirização. "Não pode ser sustentável um banco que desperdiça investimentos feitos durante anos nos seus funcionários. Somos solidários aos bancários que ‘tombaram’ no emprego no Itaú."
Cartões de Natal
Os cartões preenchidos pelos trabalhadores serão encaminhados para os banqueiros. Além disso, os bancários podem procurar os dirigentes sindicais e o Sindicato, preencher as mensagens que também serão entregues a Setubal e Moreira Salles.
Fonte: Seeb São Paulo
