O ministro da Fazenda, Guido Mantega, reagiu ontem com irritação aos comentários feitos pelo diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, sobre a saúde dos bancos da América Latina – incluindo as instituições brasileiras.
"Ele não tem as informações que eu tenho", afirmou Mantega, numa entrevista improvisada no saguão do edifício-sede do Fundo Monetário Internacional momentos antes de uma reunião com o próprio Strauss-Kahn. "Conheço profundamente os bancos brasileiros e posso garantir que eles são absolutamente sólidos."
Numa entrevista para o Valor e outros três jornais latino-americanos, o diretor do Fundo Monetário disse na terça-feira que "até os bancos da América Latina vão carregar ativos tóxicos" se a situação da economia mundial se deteriorar ainda mais, como sugerem as projeções mais recentes do Fundo.
"Não admito que se diga que os bancos brasileiros têm problemas", afirmou Mantega. O ministro da Fazenda acrescentou que eles "continuarão tendo lucros em 2009 e passarão pela crise com situação sólida", descartando os cenários pessimistas do FMI, que considerou fantasiosos. "Ele está totalmente equivocado em relação aos bancos brasileiros", concluiu Mantega.
Em nova entrevista ontem pela manhã, para jornalistas do mundo inteiro, o diretor-gerente do FMI disse que os bancos da América Latina estão "em boa forma" e poderão ser beneficiados se o mundo voltar a crescer logo, mas não voltou a especular sobre o que poderia acontecer se a crise se prolongar.
Mantega também rejeitou as projeções feitas pelo Fundo para a economia brasileira. O Fundo prevê que o Brasil sofrerá uma contração de 1,3% neste ano e crescerá apenas 2,2% no próximo. Mantega disse o país continuará crescendo neste ano e terá uma expansão "de 4,5 a 5%" em 2010. (RB)
Fonte: Valor Econômico