Os mais de 150 pontos reivindicados pelas trabalhadoras rurais de todo o Brasil que compõem os eixos de luta da Marcha das Margaridas de 2011 foram entregues ao governo em solenidade realizada na quarta 13, no Palácio do Planalto.

Em cerca de 30 dias o governo deverá apresentar propostas à pauta. Até lá, serão realizadas reuniões entre o conjunto dos ministérios para avaliar as reivindicações e estudar as condições do governo para contemplar o que está sendo reivindicado. "Estes pontos fazem parte do nosso projeto político (…) Esse é um momento de mudanças e aprofundamento em políticas públicas", afirmou a Secretária de Política para as Mulheres, Iriny Lopes.

Além dela, estiveram presentes à solenidade de entrega o ministro do Desenvolvimento Agrário, Afonso Florence, a ministra do meio Meio Ambiente, Izabella Teixeira, da ministra chefe de estado da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros, além de representante do ministro do Desenvolvimento Social.

O objetivo do encontro foi de abrir diálogo com os líderes governamentais para, de fato, implementar as reivindicações.

Segundo a representante da CUT na Confederação Nacional de Trabalhadores em Agricultura (Contag) e secretária de Meio Ambiente da CUT, Carmem Foro, a lista de reivindicações apresenta "o modelo de desenvolvimento pensado pelas mulheres para o Brasil e critica o modelo de desenvolvimento em vigor". "Grandes projetos de hidrelétricas, por exemplo, sem planejamento social, facilitam o aparecimento da prostituição infantil", afirma.

Para a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT, Rosane da Silva, "a pauta das trabalhadoras rurais se confunde com a pauta das mulheres da CUT". "Um dos pontos reivindicados na Marcha das Margaridas é a concessão de creches, uma luta nossa também. Além disso, temos que destacar que não é possível fazer a reforma agrária sem a atualização dos índices de produtividade das terras e a regularização fundiária".

Atualmente no Brasil, apenas 24% das terras está nas mãos da agricultura familiar. Além disso, a cada quatro trabalhadores rurais, um está na linha da miséria. "O fim da miséria passa, obrigatoriamente, pelas terras do Brasil", analisa Carmem Foro.

Marcha

Neste ano, a Marcha das Margaridas levará para Brasília 100 mil mulheres. O evento, que acontece nos dias 16 e 17 de agosto, é uma ação estratégica das mulheres do campo e da floresta para conquistar visibilidade, reconhecimento social e político e cidadania plena.

A agenda política da quarta edição da Marcha tem como lema o desenvolvimento sustentável com justiça, autonomia, igualdade e liberdade. O movimento se apóia em sete eixos principais: biodiversidade e democratização dos recursos naturais – bens comuns; terra, água e agroecologia; soberania e segurança alimentar e nutricional; autonomia econômica, trabalho, emprego e renda; saúde pública e direitos reprodutivos; educação não sexista, sexualidade e violência; e democracia, poder e participação política.

"Nós temos a absoluta certeza de que a pobreza no nosso país tem sexo, tem a cara feminina, tem cor – são negras as pessoas mais pobres, e tem lugar – estão no campo e na periferia das cidades. Portanto, nossa pauta não tem só apelo, mas também legitimidade", afirma Carmem Foro.

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Fonte: Seeb São Paulo

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