A redução da diferença para um nível inferior a 10% recupera a relação existente em 2008, outro ano de forte crescimento econômico. Essa diminuição, diz o economista Fábio Romão, da LCA Consultores, é típica de momentos em que a economia vai bem. O crescimento acelerado e a consequente demanda por mão de obra qualificada em diferentes setores fazem com que as empresas aumentem o salário de admissão para contratar os melhores funcionários disponíveis ou mesmo para atrair profissionais já empregados.
A manutenção ou até o aprofundamento da tendência de redução da distância entre os salários pode trazer, como consequência benéfica, índices menores de rotatividade da mão de obra. Nos primeiros seis meses do ano, 8,2 milhões de trabalhadores foram desligados, seja por decisão da empresa ou por iniciativa do funcionário – essas pessoas representavam 20% do total de empregados no mercado formal do país em dezembro de 2009. Em apenas seis meses, um em cada cinco postos de trabalho no país mudou de mãos.
Para as empresas, a queda na diferença entre os salários de demissão e admissão indica que trocar um funcionário vai ficar mais caro, observa a professora de economia do Insper, Regina Carla Madalozzo. "Isso pode desestimular a rotatividade por iniciativa das empresas", argumenta.
O aquecimento do mercado de trabalho neste ano, diz Sérgio Mendonça, economista do Dieese, é a principal razão para a redução dessa diferença salarial. E quanto mais próxima ela for de zero, menos incentivará a troca de empregados motivada pela possibilidade de reduzir o valor da folha de pagamentos. "Afinal, além do salário, o empregador tem despesas com treinamento, perda de produtividade até que o novo trabalhador se adapte à função, além das verbas rescisórias", explica Mendonça.
Fonte: Valor Econômico / Denise Neumann