O Sindicato dos Bancários da Paraíba fez o pré-lançamento, por meio de uma live, na segunda-feira (14), do projeto da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro Contraf-CUT) intitulado ‘Basta! Não Irão Nos Calar!’, com o objetivo de implantar canais de atendimento às mulheres vítimas de violência doméstica e familiar. A apresentação do projeto foi feita durante evento virtual que debateu o cenário de violência enfrentado e as perspectivas de combate ao assédio e violência em casa e no ambiente de trabalho.
A live contou com as exposições da pesquisadora Doutora Valeska Zanello, do Departamento de Psicologia da Universidade de Brasília (UnB), que trouxe ao debate os dispositivos que normatizam conceitos patriarcais, enraizados na subordinação e diminuição da identidade feminina, bem como da hiperresponsabilização de demandas que sobrecarregam as mulheres em seus lares e fazem com que os homens tenham mais tempo para trilhar seus projetos, em prejuízo emocional, psicológico e social dessas mulheres.
“Existem dispositivos que ensinam uma hiperresponsabilidade às mulheres. Enquanto as mulheres cuidam, enfrentam tripla jornada, os homens cuidam de si. É preciso repensar essa cultura de sobrecarga quem as mulheres carregam. Precisamos descontruir esses despositivos que são naturalizados em gerações”, explicou.
Seguindo o debate, a advogada feminista, pós-graduada em Direitos das Mulheres e das Famílias e Sucessões, Phamela Godoy, falou sobre o projeto que já atendeu mais de 200 casos e que pretende salvar famílias com a proteção das mulheres vítimas de violência. “As mulheres poderão ser acolhidas e orientadas a se protegerem dessas atrocidades. Essa iniciativa do canal de atendimento é fundamental. A bancária vai entrar em contato via whatsApp e fazer a denúncia. O primeiro passo é a escuta humanizada e uma avaliação de risco para que sejam dados os encaminhamentos. Esse projeto vai facilitar o acesso das mulheres às políticas públicas ofertadas pelo estado”, destacou.
O vereador Marcos Henriques (PT-PB), que é responsável por também dar voz às mulheres na Câmara Municipal de João Pessoa, ressaltou uma de suas principais pautas em defesa da luta das mulheres. Ele foi autor do projeto que virou lei, a ação de pedir socorro com um símbolo nas mãos em qualquer estabelecimento, visa prestar atendimento aquelas vítimas de violência na Paraíba. “A violência doméstica e sexual é uma das pautas que me levaram a criar essa lei, sancionada pelo prefeito. O sinal tem um grande sentido de que a mulher ao colocar nas mãos o símbolo será percebido em qualquer lugar que é um pedido de socorro”, destacou.
O canal de atendimento será, inicialmente, direcionado para as bancárias, que terão atendimento de assessoria jurídica, desde a orientação, até o direcionamento aos serviços públicos, e acompanhamento em questões como guarda dos filhos, entre outras. A criação desse canal foi implementada pelo Sindicato de Bancários de São Paulo há três anos e adotado o ano passado pela Contraf-CUT e diversos outros sindicatos.