Entre as atividades, foi feito balanço do canal de apoio à bancária vítima de violência dos bancos; ao todo 273 foram casos encaminhados

A Mesa Temática de Igualdade de Oportunidades, composta por integrantes da Comissão de Gênero, Raça, Orientação Sexual e Trabalhadores e Trabalhadoras com Deficiência (CGROS) da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), se reuniu nesta segunda-feira (28), para tratar em especial da pauta relativa a questões da mulher bancária. A atividade ocorre no fim de março, mês dedicado ao fortalecimento das lutas dos movimentos feministas pelos direitos das mulheres.

O ponto em destaque no encontro, feito de forma virtual, foi o acordo firmado em março de 2020, que versa sobre prevenção e combate à violência doméstica e familiar contra a mulher. Os representantes da categoria enfatizaram a importância de dar mais visibilidade a todas as ações que compõem o acordo, em especial às de prevenção.

A categoria bancária foi a primeira a conquistar cláusulas em acordo coletivo sobre igualdade de oportunidades e é a única a manter uma mesa permanente de negociações com representantes patronais a respeito de questões de gênero, raça e orientação sexual.

O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócioeconômicos (Dieese), apresentou um diagnóstico das condições do mercado de trabalho para as mulheres desde o início da crise sanitária. Do terceiro trimestre de 2019 ao mesmo período de 2021, por exemplo, 1,1 milhão de mulheres haviam perdido o trabalho, seu rendimento médio mensal sofrido queda de 2,9% e as denúncia de assédio moral subido 187%, entre outros pontos preocupantes. Em praticamente todos os indicadores, as mulheres negras foram mais afetadas. “Esses dados mostram que a desigualdade com as mulheres aprofundou ainda mais com a pandemia”, pontuou a secretária de Políticas Sociais da Contraf-CUT, Rosalina Amorim.

11 casos por mês

A Comissão de Diversidade da Fenaban apresentou um balanço, com dados sobre a ação das instituições bancárias, a respeito da questão da violência doméstica contra a mulher. Nos dois anos do projeto, em média foram feitas 11 denúncias por mês de violência doméstica ou familiar. Nesse período, 273 mulheres foram atendidas pelo canal e tiveram encaminhamento para solução. Nos casos mais graves, 11 delas tiveram que ser transferidas de localidade para conseguirem viver em condição de segurança.

Para Elaine Cutis, secretária da Mulher da Contraf-CUT, “embora saibamos que os bancos passaram a prestar atendimento às vítimas de violência doméstica a partir do acordo, também sabemos que, em algumas instituições, as mulheres encontram dificuldade para identificar o caminho para buscar ajuda”. Por isso, foi solicitado à Fenaban levantamento a respeito do canal de cada banco, inclusive para que instituições sindicais ajudem na divulgação do serviço.

“Também identificamos que muitos dos canais estão inseridos dentro dos programas sociais dos bancos, e queremos ressaltar a importância de se ter um canal específico para as vítimas de violência doméstica, para que elas não se percam no caminho nem se desestimulem a pedir ajuda, e assim possam romper de vez com o ciclo de violência”.

Reuniões bimestrais

Os representantes da CGROS também propuseram o retorno da periodicidade bimestral de reuniões da Mesa Temática, interrompida em decorrência da pandemia da covid-19. Com a proposta aprovada, a agenda das próximas reuniões já está sendo organizada pelas duas partes. “O retorno da periodicidade é importante, pois precisamos avançar nas pautas e solucionar os impactos gerados aos trabalhadores pela própria crise sanitária que vivemos”, conclui Elaine.