Conjuntura do setor financeiro mostra como as instituições financeiras lucram com a crise econômica no Brasil em detrimento da população brasileira
Na primeira mesa da tarde deste sábado (11), da 24ª Conferência Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro, o economista da subseção do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) na Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Gustavo Machado Cavarsan, realizou uma análise da conjuntura econômica. “Vimos no primeiro trimestre do ano os lucros dos bancos atingindo novos recordes e espelhando o modelo econômico concentrador de renda que vigora no país”, disse.
De acordo com ele, um dos motivos para esse resultado é a população brasileira estar passando por um momento de extrema dificuldade, com desemprego elevado, queda da renda, inflação nas alturas, aumento da pobreza e da fome. “Diante da dificuldade de pagar as contas do mês, os brasileiros se veem obrigados a recorrer ao endividamento com os bancos, principalmente por meio de cartões de crédito. O que para o banco significa mais receitas, lucros e dividendos aos acionistas. Mas, para as famílias brasileiras significa um comprometimento maior de sua renda com o pagamento de parcelas de empréstimos bancários com altos juros”.
Digitalização
Além do modelo concentrador de renda do país, “o resultado dos bancos é construído com base em um forte processo de digitalização, reestruturação e surgimento de novos modelos de negócios”, acrescentou o economista.
Para Cavarzan, a solução é “lutar de forma urgente por um sistema financeiro que sirva ao desenvolvimento econômico do país e não se alimente das dificuldades da população para aumentar seus resultados”.
A mesa de apresentação dos dados sobre tendências estruturais e conjunturais do emprego no ramo financeiro continuou com a economista do Dieese na subseção do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Rosângela Vieira. Ela fez o mapeamento dos trabalhadores e das trabalhadoras do ramo financeiro, como subsídio para a estratégia de atuação da entidade nos próximos anos.
Para a economista, o saldo positivo na geração de empregos na categoria bancária têm como sua principal base as admissões na Caixa, que atendem à ordem judicial de convocação de aprovados em concurso realizado em 2014, após importante atuação da Contraf-CUT e da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae), e a ampliação da contratação de trabalhadores em ocupações nas áreas de Tecnologia da Informação (TI). No entanto, ela explicou que “excluindo o saldo positivo originado pela Caixa e pelas contratações na Área de TI, em 2021 o saldo do emprego bancário seria negativo em mais de mil postos de trabalho”.
Segundo Rosângela, a campanha salarial da categoria se dará em um contexto adverso, sendo de extrema importância toda essa discussão sobre os dados bancários, para que haja uma campanha com ganhos reais. “Mudanças tecnológicas e organizacionais têm afetado o emprego bancário. O encolhimento da categoria e a alteração na dinâmica estrutural ocupacional nos bancos, com aumento da ‘gerencialização’ e ampliação de trabalhares fora das agências, especialmente em áreas de TI, é uma realidade estrutural. Além disso, há novas tendências como o aumento dos pedidos de desligamento. O debate que a categoria está construindo aqui é fundamental”, concluiu Rosângela.