As mulheres conquistaram espaço no país. Na última década, avançaram em escolaridade; aumentaram a participação no mercado de trabalho e hoje o número de famílias chefiadas por mulheres também cresceu.

De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o percentual de mulheres com emprego passou de 52,8%, em 1998, para 57,6% em 2008. E segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), passou de 27% para 35% de 2001 a 2009 a porcentagem de famílias matidas pelas mulheres.

Apesar de todas essas transformações, o sexo feminino ainda é alvo de discriminação, violência e da desigualdade entre gêneros.

Um exemplo está na diferença de salários. De acordo com dados da Rais 2009 (Relação Anual de Informações Sociais), mulheres com ensino médio completo ganham em média 29,49% menos que os homens com a mesma escolaridade.

Essa diferença aumenta entre mulheres e homens com superior completo: 41,83% a menos. A desigualdade persiste no setor financeiro, onde a remuneração das bancárias é em média 23,88% inferior à dos homens.

"A desigualdade social decorrente de gênero é um dos maiores desafios da nossa sociedade, que ainda carrega resquícios patriarcais", diz a dirigente sindical Marta Soares.

No resto do mundo não é diferente. Segundo relatório da ONU, em 2010 os salários das mulheres representavam entre 70% e 90% dos salários dos homens. Além disso, prossegue o relatório, as mulheres ainda são raramente empregadas em trabalhos com status, poder e autoridade, e em ocupações tradicionalmente masculinas. A ONU aponta que a maternidade continua sendo uma fonte de discriminação no trabalho.

Trabalho doméstico

No Brasil, o Ipea ressalta que, apesar de maior, a inserção das mulheres no mercado de trabalho tende a ser precarizada. Além disso, o fato de ter um emprego não as desobriga dos afazeres domésticos, que no século XXI ainda são considerados de responsabilidade feminina.

"Independentemente da idade, da posição na família (chefe ou cônjuge), do estado da ocupação, da classe social, as mulheres ainda são as que respondem pelo trabalho doméstico", diz o estudo divulgado este mês.

Avanços

Para Marta Soares, a desigualdade entre os sexos reflete o nível de desenvolvimento de uma sociedade. "Ainda temos muito a avançar". Apesar disso, lembra a dirigente, os brasileiros podem se orgulhar de terem escolhido pela primeira vez na história uma mulher para governar o país. Além da eleição de Dilma Rousseff, acrescenta, os paulistas elegeram Marta Suplicy (PT) como a primeira senadora do estado, e o Sindicato dos Bancários de São Paulo, um dos maiores da América Latina, tem como presidenta Juvandia Moreira.

"Mas ainda somos um grupo pequeno dentro do cenário político nacional e, levando em conta que somos pouco mais da metade da população, nós podemos e devemos ampliar nossa participação em todas as esferas. Por isso lutamos: por dias melhores tanto no reconhecimento profissional, quanto na questão salarial e principalmente no social", diz.

Fonte: Andréa Ponte Souza – Seeb São Paulo