Cerca de dois milhões de trabalhadores participaram das 411 greves realizadas em 2008, o maior índice de paralisações dos últimos quatro anos, quando o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) voltou a publicar o Sistema de Acompanhamento de Greves (SAG).
Além do recorde em paralisações, 2008 também foi um ano em que as greves ocorreram mais em empresas privadas do que em públicas: 54,5%, representando 224 greves.
Uma das explicações para o crescimento no número de manifestações trabalhistas foi o forte crescimento econômico observado nos três primeiros trimestres do ano passado, proporcionando aos trabalhadores um contexto favorável para reivindicar melhores condições de trabalho e de remuneração.
Segundo o técnico do Dieese, Luís Ribeiro, o Brasil sentiu os efeitos da crise financeira internacional no final de 2008. "O nível de emprego começou a cair em dezembro. Não percebemos o aumento do número de greves defensivas [em função da crise]", afirmou.
No balanço, o Dieese classifica as paralisações em dois tipos: as propositivas, que propõem novas conquistas ou a ampliação das já asseguradas – que representaram 69% do total no ano – e as defensivas, que se colocam contra o descumprimento de direitos estabelecidos em acordos ou na legislação, além de pleitear a manutenção ou a renovação de condições de trabalho vigente.
As principais reivindicações de 2008 foram reajuste salarial, plano de cargos e salários e carreiras, condições de trabalho, contratações, descumprimento de acordo e piso salarial.
O Dieese acompanhou o final de 193 paralisações e, a partir disso, analisou o resultado das greves: 73% dos movimentos tiveram êxito em suas reivindicações. Em empresas privadas, 80% das greves tiveram bons resultados.
Fonte: Ivy Farias – Agência Brasil e Rede Brasil Atua