Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e da UNI Américas Finanças
"Quanto maior nossa unidade, maiores serão nossas conquistas", reafirmou em entrevista Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e da UNI Américas Finanças e coordenador do Comando Nacional dos Bancários, ao comemorar o aniversário de 5 anos de fundação da Confederação que ocorre nesta quarta-feira, dia 26 de janeiro. Ele lembrou a história da organização nacional dos bancários, resgatou as principais conquistas, destacou o valor da unidade nacional, apontou os desafios para 2011 e salientou a importância do dirigente sindical.
O presidente da Contraf-CUT ressaltou o significado do movimento sindical nas lutas dos trabalhadores do ramo financeiro, bem como na construção de um país mais justo e solidário para a classe trabalhadora. "Será importante a participação de cada dirigente sindical bancário, seja nas negociações por banco e nas temáticas, mas especialmente na disputa de projetos nacionais que beneficiem não apenas os bancários, mas todos os trabalhadores".
Leia a íntegra da entrevista de Carlos Cordeiro:
1. O que significa comemorar 5 anos da Contraf-CUT?
Comemorar os cinco anos da Contraf-CUT é, antes de mais nada, reconhecer a história nacional dos bancários de lutas e conquistas, desde o Departamento nacional dos Bancários (DNB-CUT), passando pela Confederação Nacional dos Bancários (CNB-CUT), até chegarmos à nossa Contraf-CUT. Essa bela história foi construída por pessoas sérias, bancários de base, dirigentes sindicais, funcionários e militantes políticos que ousaram romper com o modelo então vigente. Portanto, hoje colhemos o que outros plantaram.
2. Quais foram os principais avanços conquistados?
Sem dúvida nenhuma, a maior conquista foi a consolidação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) para todos os bancários e bancárias, de todas as regiões do Brasil, para todos os bancos públicos, privados nacionais e estrangeiros. Ou seja, todos os trabalhadores têm os mesmos direitos e a garantia da mesma data-base, o que fortalece a mobilização e a solidariedade entre os sindicatos, elementos fundamentais para os avanços que tivemos nesse período.
Do ponto de vista econômico, durante o governo Lula, foram os reajustes salariais acima da inflação, pois reajustar salários é garantir impacto positivo na vida futura do trabalhador, como férias, fundo de garantia e aposentadoria. Importante dizer, especialmente para os bancários novos, que essa conquista foi fruto de muita mobilização, greve e unidade nacional.
Nossas campanhas não só meramente economicistas. Tivemos avanços importantes como a mesa única de negociação com todos os bancos públicos e privados, ampliação da licença maternidade de quatro para seis meses, garantia aos homoafetivos dos mesmos direitos dos casais heterossexuais, em especial ao colocarem seus companheiros no plano de saúde.
E a última grande conquista foi o combate ao assédio moral, através de um instrumento na CCT, onde os bancários denunciam ao sindicato, o sindicato encaminha ao banco e este tem prazo de até 60 dias para apurar a denúncia e informar as providências tomadas.
3. A unidade nacional está consolidada?
A unidade nacional foi fundamental para nossa história de lutas e conquistas, em especial para a renovação com avanços da nossa CCT. Em 2010, a Contraf-CUT ainda teve um papel importante na coordenação junto com as federações e sindicatos nas campanhas e negociações no BNDES, Finep e Banco da Amazônia, resultando em acordos avaliados como muito positivos pelos trabalhadores.
Agora precisamos avançar ainda mais. Hoje representamos 90% da categoria e a unidade da Contraf-CUT junto com outras centrais como CTB, UGT, Nova Central e Intersindical foi fundamental para nossas conquistas. Porém, precisamos avançar ainda mais e consolidar essa unidade com representações dos trabalhadores que ainda estão fora do Comando Nacional dos Bancários. Quanto maior nossa unidade, maiores serão nossas conquistas.
4. Quais são os desafios da Contraf para 2011?
Os desafios da Contraf-CUT para 2011 são o de manter e ampliar as conquistas, o de incluir outros trabalhadores do sistema financeiro que estão foram da nossa convenção coletiva e o de aprofundar as relações internacionais para aumentar a ação global dos trabalhadores.
Estamos em momento importante de nossa história, com a eleição de Dilma Roussef, a primeira mulher a governar o nosso país com o projeto que o povo optou: a continuidade dos oito anos sob a coordenação do presidente Lula. O Brasil está crescendo economicamente, mas, mais do que crescimento econômico, nós queremos desenvolvimento econômico e social, com mais e melhores empregos, e também melhores salários.
Para isso, será importante a participação de cada dirigente sindical bancário, seja nas negociações por banco e nas temáticas, mas especialmente na disputa de projetos nacionais que beneficiem não apenas os bancários, mas todos os trabalhadores. É preciso estar preparados para debates junto à sociedade, como a regulamentação do artigo 192 da Constituição Federal que trata do papel do sistema financeiro, do crédito, taxas de juros, da reforma política, tributária e fiscal.
Somos dirigentes sindicais da classe dos trabalhadores. Temos que ser então a sua principal referência nesses debates e para isso não basta apenas boa vontade. Outras campanhas já estão em andamento como a correção da tabela do Imposto de Renda, fim do trabalho escravo e a valorização do salário mínimo. A Central Única dos Trabalhadores já está trabalhando muito nessa agenda. Precisamos dar a nossa contribuição.
Além disso, precisamos aprofundar cada vez mais a nossa atuação continental e mundial, reforçando parceiras que já acumulamos com entidades sindicais de vários países. Somos filiados à UNI Global Union, o sindicato mundial que representa cerca de dois milhões de trabalhadores da área de serviços. A Contraf-CUT e a história de lutas dos bancários do Brasil são hoje referências para os trabalhadores de todo mundo.
Na presidência da UNI Américas Finanças, vamos trabalhar para ampliar a organização e a mobilização dos bancários do continente americano, buscando negociações para obter conquistas e acordos, sobretudo nos bancos internacionais para garantir igualdade de direitos e reconhecimento do valor de cada trabalhador nos resultados mundiais dessas empresas.
Estamos construindo uma história repleta de sonhos, lutas, conquistas e compromissos, tendo sempre como foco uma vida digna e uma sociedade justa, democrática e igualitária, com as pessoas em primeiro lugar.
Fonte: Contraf-CUT