O representante da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Seminário Sindical Internacional, Paulo Sérgio Muçouçah, destacou que não se pode pensar em desenvolvimento sustentável sem trabalho decente. O debate, realizado pela CUT (Central Única dos Trabalhadores) nesta quinta-feira (26), é parte das comemorações pelo 1º de Maio, Dia do Trabalhador, em São Paulo.
Rio+20
A Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável agendada para 16 e 19 de junho na capital fluminense, foi ressaltada por quase todos os palestrantes. O evento marca os 20 anos da Rio 92.
Para a secretária de Planejamento e Investimentos Estratégicos do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, Esther Bemerguy, o grande desafio da conferência é colocar no centro dos debates a questão social. "Temas como o sistema de proteção dos trabalhadores e a inclusão não podem estar de fora. Não se pode discutir a sustentabilidade levando em conta apenas os recursos naturais", disse.
Outros desafios, segundo Bemerguy, são o estabelecimento de um pacto de governança mundial e que o evento não se transforme em apenas um debate sobre a economia verde. Para ela, dependendo de como a conferência for usada, pode se transformar para países desenvolvidos em um poderoso instrumento de barreira comercial.
A secretária do governo Dilma também ressaltou os últimos 10 anos de desenvolvimento com inclusão social, crescimento e democracia da história brasileira. "Somos um exemplo para o mundo. Vivemos um processo de inclusão social com uma velocidade inédita. E construímos um modelo de desenvolvimento que, comparado com o resto do planeta, é o mais próximo que podemos chamar de sustentável".
Mas também destacou os desafios: "A desigualdade social ainda é grande e a assimetria entre as regiões do país também. Ainda temos 16 milhões abaixo da linha da pobreza e também o desafio de trazer as cidades para a pauta da discussão sobre o desenvolvimento sustentável, principalmente nossas regiões metropolitanas que vivem problemas com transporte urbano, moradia, educação."
O ex-presidente da Contraf-CUT e secretário de Administração e Finanças da CUT, Vagner Freitas, reforçou que a desigualdade brasileira ainda persiste. "Nem sempre o crescimento do PIB representa melhoria da qualidade de vida para os trabalhadores. Chegamos à quinta economia do mundo, mas estamos atrás de uns 60 países no quesito distribuição de renda."
Ele elencou alguns dos passos que o país ainda precisa dar para ser de fato uma economia forte: maior distribuição de renda, combate às desigualdades sociais, fortalecimento da indústria nacional, desenvolvimento agrário, desenvolvimento regional.
Fonte: Seeb São Paulo