Isso é o que os banqueiros de países emergentes representados no Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês) vão procurar mostrar na semana que vem em Washington, durante a reunião de primavera do Fundo Monetário Internacional (IMF) e reunião de ministros da economia do G-20, grupo que reúne as 20 principais economias do mundo.
Um dos banqueiros que fazem parte dessa cruzada é o presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setubal, que também estará por aqui, como membro do IIF. O Brasil, que tem uma exigência de capital de 11% sobre os ativos ponderados pelo risco, acima da regra geral de 8% de Basileia, é um dos países que têm regras prudenciais mais rígidas em relação ao que mandam os entendimentos internacionais.
A preocupação dos banqueiros de países emergentes é curiosa porque até pouco tempo atrás se acreditava que eles poderiam ganhar com o endurecimento da regulação bancária mundial. Como países emergentes têm regras mais rígidas, seus bancos tinham dificuldades de competir com instituições financeiras de países desenvolvidos, onde a regulação era menos severa.
A crise fez os países avançados rever conceitos, apertando as suas respectivas regulações. Assim, em tese, os bancos de países emergentes poderiam, a partir dessa mudança de paradigma, competir em pé de igualdade com seus concorrentes de países avançados. Mas agora as indicações são de que a carga regulatória irá apertar também para bancos de países emergentes.
O IIF, que representa 390 bancos em mais de 70 países, de forma geral também não vê com bons olhos a reforma regulatória que se anuncia. Em primeiro lugar, eles se preocupam com as iniciativas individuais dos países, que devem se sobrepor ao que está sendo desenhado de forma multilateral no FSB. Os Estados Unidos, por exemplo, age para criar uma agência de proteção ao consumidor bancário e também tenta encontrar um mecanismo para limitar o tamanho dos bancos.
Outro problema, na visão dos banqueiros do IIF, é que as próprias regras negociadas de forma multilateral dentro do FSB parecem exigir capital em excesso em um momento em que, para a continuidade da recuperação econômica, os bancos precisam de mais fôlego para retomar os empréstimos.
"É necessário medir o quanto essas reformas regulatórias propostas vão impactar a recuperação econômica e o emprego", afirma o diretor-gerente do IIF, Charles Dallara. "Haverá um significativo impacto adverso no emprego e crescimento econômico dos Estados Unidos ao longo de vários anos, efeitos ainda mais substanciais na zona do euro e impactos materiais no Japão e nos mercados emergentes."
O FSB faz parte do Banco de Compensações Internacionais (BIS), o banco central dos bancos centrais, que hoje encerra a audiência pública global das propostas para fortalecer o sistema financeiro mundial.
Fonte: Valor Econômico / Alex Ribeiro, de Washington