Mais de 50% dos casos referem-se a transtornos mentais (aumento de 61,5%) e enfermidades relacionadas a lesões por esforço repetitivo (crescimento de 13%).

“Na população geral, 50% dos adoecimentos são da esfera psíquica ou do sistema  musculoesquelético? Não. Analisando as condições de trabalho dos bancários e o seu perfil de adoecimento ocupacional ao longo dos anos, é possível compreender esses dados que são apresentados e reforçar a relação entre esses adoecimentos e o trabalho bancário”, avalia a médica e pesquisadora Maria Maeno, coordenadora do Programa Organização, Gestão do Trabalho e Adoecimento da Fundacentro, órgão ligado ao Ministério do Trabalho.

“O levantamento reforça que a categoria bancária está adoecendo cada vez mais, e os motivos são aqueles que nós estamos cansados de alertar e denunciar: sobrecarga de trabalho, pressão para o cumprimento de metas abusivas e assédio moral. Tudo isso objetivando o aumento da lucratividade cada vez maior das instituições financeiras, o que só favorece os acionistas e diretores executivos dos bancos, em detrimento da saúde de milhares de trabalhadores”, afirma Carlos Damarindo, secretário de Saúde do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.

Subnotificação

Importante frisar que o levantamento refere-se apenas aos bancários afastados pelo INSS. Os dados desconsideram os trabalhadores que não tiveram o benefício concedido e os que mesmo doentes nunca acionaram a Previdência. Portanto, os números podem ser ainda maiores. A exclusão desses empregados dos números oficiais é chamada de subnotificação.

O aumento do total de afastados foi muito maior do que o crescimento do total de trabalhadores bancários. Em 2009, a categoria bancária somava 462 mil trabalhadores. Oito anos depois passou para 467 mil, aumento de 1%.

Os bancos respondem por apenas 1% dos empregos no Brasil, mas foram os responsáveis por 5% do total de afastamentos por doença no país, entre 2012 e 2017. Os dados são do Ministério Público do Trabalho.

Políticas de governo prejudicam trabalhadores e favorecem maus empregadores

Desde 2016, quando Michel Temer tomou o poder, o governo federal vem anulando milhares de auxílios previdenciários e aposentadorias. Os pensionistas que não apresentam sequelas aparentes, como é o caso das pessoas que sofrem de doenças psicossomáticas, são os mais prejudicados pela política de revisão dos benefícios.

governo Bolsonaro já mostrou que irá continuar com essa política. Além disso, o atual governo extinguiu o Ministério do Trabalho, justamente a pasta responsável por fiscalizar e penalizar empresas que impõem más condições e jornadas degradantes aos seus trabalhadores.

‘Pente-fino’ no INSS ataca direitos e gera despesas

O afrouxamento da fiscalização resultará em ainda mais desfalques ao sistema previdenciário, por meio das diminuições das contribuições ao Fator Acidentário de Prevenção (FAP).

O FAP é um multiplicador que incide sobre a folha de salários das empresas para custear aposentadorias especiais e benefícios decorrentes de acidentes de trabalho. Pela metodologia do FAP, as empresas que registrarem maior número de acidentes ou doenças ocupacionais, pagam mais. Por outro lado, o FAP aumenta a bonificação das empresas que registram acidentalidade menor.

“São políticas que só favorecem as empresas que cometem abusos, pois as mesmas não são penalizadas e não sofrem qualquer tipo de fiscalização do governo e ainda oneram ainda os cofres públicos.”

Fonte: SP Bancários